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PAM

Em 2022, Sorriso (MT) manteve a liderança na produção agrícola

Editoria: Estatísticas Econômicas | Igor Ferreira | Arte: Jessica Cândido e Helena Pontes

14/09/2023 10h00 | Atualizado em 14/09/2023 17h07

  • Destaques

  • Em 2022, o valor da produção agrícola no Brasil chegou ao recorde de R$ 830,1 bilhões, com alta de 11,8% ante 2021. A produção de grãos cresceu 3,8% e chegou ao recorde de 263,8 milhões de toneladas.
  • Mato Grosso teve o maior valor de produção, com R$ 174,8 bilhões, alta anual de 15,2%, seguido por São Paulo (R$ 103,0 bilhões e alta de 22,5%) e Minas Gerais (R$ 87,3 bilhões e alta de 28,1%).
  • Entre os municípios, pelo quarto ano consecutivo, o líder foi Sorriso (MT), alcançando R$ 11,5 bilhões, uma alta de 15,2% frente a 2021. Em seguida, vêm Campo Novo do Parecis (MT) (R$ 8,2 bilhões e alta de 7,9%) e Sapezal (MT) (R$ 8,0 bilhões e queda de 11,5%).
  • Com um total de 120,7 milhões de toneladas, a produção de soja caiu 10,5% em 2022, mas o valor da produção cresceu 1,3%, chegando a R$ 345,4 bilhões. Entre os municípios, os maiores produtores foram Sorriso (MT), com 2,1 milhões de toneladas, Rio Verde (GO), com 1,64 milhões de toneladas, e Formosa do Rio Preto (BA), com 1,58 milhões de toneladas.
  • A safra de milho cresceu 24,0%, chegando a 109,4 milhões de toneladas. O valor de produção foi de R$ 137,7 bilhões, uma alta de 18,6%. Os três municípios com as maiores quantidades produzidas do país são de Mato Grosso: Sorriso (3,8 milhões de toneladas), Nova Ubiratã (2,14 milhões de toneladas) e Nova Mutum (1,95 milhões de toneladas).
  • A produção de cana-de-açúcar alcançou 724,4 milhões de toneladas, com alta de 1,2%. O valor de produção subiu 24,2% e chegou a R$ 93,5 bilhões. Os líderes em produção foram Uberaba (MG), com 9,7 milhões de toneladas, Barretos (SP) com 6,64 milhões de toneladas, e Quirinópolis (GO), com 6,59 milhões de toneladas.
  • A produção de café cresceu 6,3% e chegou a 3,2 milhões de toneladas. O valor de produção cresceu 48,8% e chegou a R$ 51,8 bilhões. Rio Bananal (ES), São Miguel do Guaporé (RO) e Linhares (ES) lideraram com, respectivamente, 48,5 mil toneladas, 44,0 mil toneladas e 43,7 mil toneladas.
Com crescimento de 1,3%, valor de produção da soja chegou a R$ 345,4 bilhões em 2022 - Foto: Secom/MT

Valor de produção e safra de grãos batem recorde em 2022

O valor de produção das principais culturas agrícolas do Brasil atingiu o recorde de R$ 830,1 bilhões em 2022, com alta de 11,8% em relação ao ano anterior. Foi a maior safra de grãos já registrada na série histórica, com 263,8 milhões de toneladas, alta de 3,8% frente a 2021. A área plantada do país foi de 91,1 milhões de hectares, com alta de 5,2%, ou 4,5 milhões de hectares a mais do que em 2021. Os dados são da Produção Agrícola Municipal (PAM), divulgada hoje (14) pelo IBGE.

“Com a restrição do comércio das principais commodities agrícolas, por conta dos conflitos entre Rússia e Ucrânia, e o dólar mantendo sua valorização frente ao real, os preços dos principais produtos agrícolas se mantiveram elevados”, explica Winicius Wagner, supervisor da pesquisa.

Com o bom desempenho, principalmente da segunda safra, e novo recorde na série histórica, a cultura do milho foi a que mais contribuiu para o crescimento do valor de produção agrícola no ano, alcançando 109,4 milhões de toneladas, gerando R$ 137,7 bilhões, com alta de 18,6% ante 2021.

No ranking de valor de produção, a soja liderou. Apesar da queda de 10,5% na produção em 2022, com um volume de 120,7 milhões de toneladas, o valor de produção da oleaginosa cresceu 1,3% frente a 2021, chegando R$ 345,4 bilhões. A seguir vieram milho, cana-de-açúcar, café e algodão.

“Além do recorde de produção de grãos, a manutenção do elevado patamar de preços das principais commodities agrícolas no mercado internacional contribuíram para uma alta de 6,6% no valor da produção do grupo dos cereais, leguminosas e oleaginosas, com um recorde de R$ 568,2 bilhões”, acrescenta Winícius. Com participação de 30,2% na produção nacional de grãos, Mato Grosso novamente foi o maior produtor, seguido por Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

 

Mato Grosso mantém liderança, com 21,1% do valor de produção agrícola

Maior produtor de soja, milho e algodão, o Mato Grosso foi a unidade da federação com maior valor de produção agrícola. Em 2022, a produção do estado gerou R$ 174,8 bilhões, um acréscimo de 15,2%. Mato Grosso aumentou sua participação nacional para 21,1%, e agora está à frente de São Paulo. Mais de 1/5 do valor de produção agrícola nacional se concentra no estado.

São Paulo apresentou alta de 24,6% no valor de produção da cana-de-açúcar e 16,4% no valor de produção da laranja, produtos dos quais é líder nacional na produção. No geral, o crescimento foi de 22,5%, resultando num valor de produção de R$ 103,0 bilhões. A participação do estado, que em 2021 havia sido de 11,3%, ficou em 12,4% em 2022. Já Minas Gerais, maior produtor de café, ocupou a terceira posição ao totalizar R$ 87,3 bilhões, um aumento de 28,1%.

Entre os municípios, Sorriso (MT) liderou pela quarta vez consecutiva, alcançando R$ 11,5 bilhões em valor da produção e respondendo por 1,4% do total nacional. Sorriso também teve o maior valor de produção em soja (R$ 5,8 bilhões) e milho (R$ 4,2 bilhões). O município mato-grossense também foi o quinto maior produtor de algodão herbáceo (em caroço), obtendo R$ 1,3 bilhão, e o quarto maior produtor de feijão, com 46.350 toneladas que geraram R$ 152,5 milhões.

A segunda posição ficou com Campo Novo do Parecis (MT), totalizando R$ 8,2 bilhões, alta de 7,9% em relação a 2021. A produção de soja, algodão e milho somou R$ 7,8 bilhões. No ano, Campo Novo do Parecis gerou R$ 2,2 bilhões com a produção de algodão, ocupando a terceira posição no ranking de valor da produção com o produto no país.

Sapezal (MT), terceiro colocado, apresentou valor de produção de R$ 8,0 bilhões, retração de 11,5% na comparação com o ano anterior. O município destacou-se na produção de algodão herbáceo, tendo o maior valor gerado com o produto, aproximadamente R$ 3,6 bilhões. Além disso, ficou na sexta posição nacional em valor da produção de soja, com R$ 3,4 bilhões.

 

Forte estiagem no Sul afeta produção de soja

Em 2022, a estiagem no Rio Grande do Sul, Paraná e em Mato Grosso do Sul, reduziu o rendimento médio da soja em 14,3% ante a safra anterior. Mesmo aumentando a área cultivada, a produção nacional caiu 10,5% ante 2021, chegando a 120,7 milhões de toneladas. Já o valor da produção cresceu 1,3%, totalizando R$ 345,4 bilhões. Assim, a soja permaneceu líder entre os cereais, leguminosas e oleaginosas, compondo 60,8% do valor da produção desse grupo.

De acordo com o supervisor da pesquisa, “os preços atrativos do grão nas últimas safras mais uma vez estimularam os produtores a ampliarem as áreas de cultivo. Em consequência disso houve aumento de 5,1% da área plantada no ano, acréscimo de quase dois milhões de hectares”.

Com 38,0 milhões de toneladas e alta de 7,6% no ano, Mato Grosso é o maior produtor. Goiás vem a seguir, com 15,2 milhões de toneladas e alta de 11,4%. Entre os municípios, os maiores produtores foram Sorriso (MT), com 2,1 milhões de toneladas, Rio Verde (GO), com 1,64 milhões de toneladas, e Formosa do Rio Preto (BA), com 1,58 milhões de toneladas.

A exportação de soja caiu 8,6%, totalizando 78,7 milhões de toneladas. Ainda assim, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o produto foi o líder das exportações em 2022, mantendo uma participação de 13,9% do total das exportações do Brasil nesse ano.

Segunda safra garante produção recorde de milho

Impulsionada pelo bom desempenho da segunda safra, a produção nacional de milho mostrou recuperação em 2022. Foram produzidas 109,4 milhões de toneladas, representando um crescimento de 24,0% (mais 21,1 milhões de toneladas). Trata-se de uma forte reação após o prejuízo da safra anterior com a estiagem que assolou o Centro-Sul do Brasil nos meses do outono e inverno, impactando a produtividade da 2ª safra nacional.

Os atrativos preços durante o final de 2020 e o primeiro semestre de 2021 fizeram com que os produtores ampliassem as áreas de cultivo, que alcançaram novo recorde de 21,3 milhões de hectares, acréscimo de 8,9%. O milho, que respondeu por 41,5% da produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas no país, e seu valor gerado cresceu 18,6%, chegando a R$ 137,7 bilhões.

A área plantada na primeira safra cresceu 3,8%, ficando próxima dos 5,2 milhões de hectares.

A segunda safra de milho, por sua vez, teve expansão de 10,6% na área plantada e incremento de 18,9% no rendimento médio. Isso representa recuperação frente ao resultado de 2021. O volume produzido foi de 84,4 milhões de toneladas, aumento de 34,4%. Com isso, a segunda safra foi recorde, aumentando a participação do milho para 77,2% do total produzido no Brasil.

De acordo com a SECEX, o ano de 2022 registrou recorde na exportação nacional de milho. Houve aumento de 111,4% no volume de milho exportado, atingindo um total de 43,2 milhões de toneladas. O Irã foi o principal destino do milho brasileiro, recebendo 16,5% do total embarcado.

Com alta de 19,6% e quase toda produzida na segunda safra, Mato Grosso se manteve em primeiro lugar no ranking de produção de milho ao obter 38,3 milhões de toneladas. Os preços do grão, que começaram o primeiro trimestre em alta, caíram ao longo do ano e influenciaram diretamente no valor de produção mato-grossense, que cresceu 9,4% e alcançou R$ 42,1 bilhões. O Paraná, segundo colocado na lista, teve forte recuperação quando comparado a 2021, com expansão de 47,8% no volume produzido que gerou R$ 20,4 bilhões em valor de produção, alta de 35,7%.

Os três municípios com a maior produção do país são de Mato Grosso: Sorriso (3,8 milhões de toneladas), Nova Ubiratã (2,14 milhões de toneladas) e Nova Mutum (1,95 milhões de toneladas).

Apesar de redução das áreas cultivadas, cana-de-açúcar recupera produtividade

Terceiro produto com maior geração de valor em 2022, a cana-de-açúcar teve diminuição de 1,0% na área cultivada, aproximadamente 100 mil hectares. Mesmo assim, registrou crescimento de 1,2% na produção, totalizando 724,4 milhões de toneladas. O valor da produção ficou em R$ 93,5 bilhões, um acréscimo de 24,2% na comparação com o ano anterior.

A menor oferta global de açúcar, a valorização do dólar frente ao real e a expressiva alta no preço do petróleo explicam, em parte, a subida de preço da cana-de-açúcar. “A redução da área dos canaviais, em detrimento do cultivo de grãos, é um processo que ocorre há alguns anos, pois estes têm proporcionado melhor rentabilidade aos produtores”, observa Winicius. Os municípios com as maiores produções são Uberaba (MG), com 9,7 milhões de toneladas, Barretos (SP) com 6,64 milhões de toneladas, e Quirinópolis (GO), com 6,59 milhões de toneladas.

Com o moderado crescimento da produção de cana-de-açúcar e o arrefecimento econômico global, as exportações de açúcar se mantivessem no patamar de 2021, segundo a SECEX. Já as exportações do etanol cresceram 26,7%, devido à maior demanda internacional.

Produção de café cresce 6,3%, mas preços continuam em alta

A produção brasileira de café cresceu 6,3%, chegando a 3,2 milhões de toneladas. Essa alta não alterou o comportamento dos preços do produto, que continuaram em forte elevação. A produção cresceu, principalmente, por causa da boa produtividade do café canephora, além da ampliação de 2,2% na área total colhida. Em 2022, o Brasil continuou sendo o maior produtor e exportador mundial de café. Frente a 2021, o valor de produção cresceu 48,8%, chegando a R$ 51,8 bilhões.

O Brasil exportou 2,1 milhões de toneladas de café não torrado (verde), uma retração de 6,6% ante 2021. Minas Gerais respondeu por 81,0% dessas exportações. Com 20,1% de participação, os Estados Unidos foram os principais importadores do café brasileiro, seguidos pela Alemanha.

Do total de café produzido no país, quase 2,1 milhões de toneladas eram do tipo arábica, volume que representou 66,0% do total em 2022, mostrando sua importância na safra nacional. O valor da produção foi de R$ 39,5 bilhões, alta de 47,1% em relação a 2021. Por outro lado, o volume de café canephora registrou crescimento de 7,3%, totalizando 1,1 milhão de toneladas, que geraram R$ 12,3 bilhões. Foi um aumento de 54,4% na comparação com 2021. Rio Bananal (ES), São Miguel do Guaporé (RO) e Linhares (ES) são os municípios com as maiores produções de café, respectivamente, 48,5 mil toneladas, 44,0 mil toneladas e 43,7 mil toneladas.

Com ampliação da área cultivada, produção de algodão aumenta 12,4%

Após reduzir a área plantada e a produção em 2021, a cultura do algodão teve bom desempenho em 2022, com alta de 12,4% no volume produzido, totalizando 6,4 milhões de toneladas (em caroço). A área plantada cresceu 20,4%, chegando a 1,6 milhão de hectares, depois do aumento na demanda global pelo produto.

A semeadura das culturas de verão no período ideal de plantio também ajudou a aumentar a área plantada do algodão na segunda safra. “Mesmo com elevada resistência à escassez hídrica, a produtividade do algodão pode ser afetada pela seca, portanto o plantio no período adequado reduz riscos ao produtor, que optou pela ampliação das áreas de cultivo”, lembra Winicius.

O valor da produção do algodão cresceu 25,2%, atingindo R$ 33,1 bilhões. O Brasil é um dos quatro maiores produtores mundiais da fibra e o terceiro maior exportador. Segundo a SECEX, apesar do crescimento na produção interna, houve retração de 10,6% no volume exportado de algodão bruto, ou menos 1,8 milhão de toneladas no ano. A China foi o principal comprador, com participação de 29,5% em nossas exportações do produto.

Mato Grosso (R$ 23,5 bilhões em valor de produção e alta de 12,4% no ano) e Bahia (R$ 7,3 bilhões e alta anual de 79,4%) lideram a produção nacional de algodão. Os dois estados, somados, concentram cerca de 90,7% da área plantada no país. Os três principais municípios produtores de algodão são Sapezal (MT), São Desidério (BA) e Campo Novo do Parecis (MT), com produção de 692,7 mil toneladas, 488,3 mil toneladas e 423,5 mil toneladas, respectivamente.

Arroz sente efeitos de escassez hídrica e produção cai 7,6%

A produção de arroz voltou a recuar em 2022. “A falta de chuva no Rio Grande do Sul, num ano em que as temperaturas foram altas, prejudicou a produtividade das lavouras, que em sua maioria depende de irrigação”, destaca Winicius. Houve recuo de 2,0% na área plantada, redução de 3,8% no rendimento médio e queda de 7,6% na produção, que chegou a 10,8 milhões de toneladas. A retração no valor de produção foi ainda maior: 18,9% frente a 2021, gerando R$ 15,5 bilhões.

Responsável por 71,2% da produção nacional, no Rio Grande do Sul a produção de arroz é altamente técnica, com irrigação por inundação. Ainda assim, em 2022, o clima desfavorável fez a produtividade cair 6,1% ante o ano anterior.

Nove entre os dez municípios com as maiores produções de arroz são do Rio Grande do Sul. Os três líderes são Uruguaiana (683,4 mil toneladas), Santa Vitória do Palmar (589,2 mil toneladas) e Itaqui (453,8 mil toneladas).

Trigo tem safra recorde de 10,3 milhões de toneladas

A área plantada do trigo cresceu 14,1%, garantindo uma safra recorde de 10,3 milhões de toneladas, alta de 31,3% ante 2021. O valor de produção do trigo chegou a R$ 15,7 bilhões, com alta de 42,6%.

Com uma produção de 5,3 milhões de toneladas, que cresceu 49,4% no ano, o Rio Grande do Sul continua sendo o maior produtor de trigo, com participação de 51,2% do total nacional. Os municípios líderes na produção de trigo são Tibagi (PR), com 138,5 mil toneladas; Cruz Alta (RS), com 128,7 mil toneladas e Santa Bárbara do Sul (RS), com 126 mil toneladas.