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Geografia física

IBGE publica estudo sobre excursão técnica nas montanhas fluminenses

Editoria: Geociências | Umberlândia Cabral

29/08/2023 10h00 | Atualizado em 29/08/2023 10h08

  • Destaques

  • O IBGE divulgou hoje (29) uma publicação inédita com o roteiro e as discussões relativas a uma excursão técnica, ocorrida em novembro do ano passado, intitulada “Pelas montanhas do Rio de Janeiro”.
  • A publicação traz o relato inédito sobre a excursão realizada pelas montanhas fluminenses. O evento reuniu professores, pesquisadores e estudantes. Ao todo, foram 33 participantes de diferentes regiões do país.
  • A excursão foi organizada pelo Comitê Executivo Nacional (CEN) do Sistema Brasileiro de Classificação de Relevo (SBCR), fruto da parceria entre IBGE, Serviço Geológico Brasileiro (SGB) e União de Geomorfologia Brasileira (UGB) e que tem o objetivo de criar uma taxonomia para o relevo brasileiro.
  • Essa expedição pelas montanhas do Rio de Janeiro foi a primeira a reunir especialistas com o objetivo de discutir a taxonomia do relevo.
  • A segunda excursão técnica organizada pelo grupo foi realizada no último sábado (26), no Pantanal.
Durante a excursão, os pesquisadores visitaram três pontos de montanha localizados na Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro - Foto: Acervo IBGE

O IBGE divulgou hoje (29) uma publicação inédita com o roteiro e as discussões relativas a uma excursão técnica organizada pelo instituto e ocorrida em novembro do ano passado. Intitulada “Pelas montanhas do Rio de Janeiro”, a excursão fez parte do XIX Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, realizado entre os dias 7 e 13 de novembro do ano passado, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Essa foi a primeira de uma série de excursões previstas para acontecer em eventos dessa área em todo o país.

A excursão foi resultado da criação do Sistema Brasileiro de Classificação de Relevo (SBCR), um esforço conjunto do IBGE, do Serviço Geológico Brasileiro (SGB/CPRM), da União de Geomorfologia Brasileira (UGB) e de pesquisadores de diversas instituições de ensino do país para trazer uma classificação única do relevo no território nacional, com uma linguagem comum e padronizada.

"A ideia nasceu nesse mesmo evento [Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada] em que houve o primeiro Workshop de Cartografia Geomorfológica, em Fortaleza, em 2019. Nessa área do conhecimento, cada mapeador cria sua própria legenda e elas não se falam, não se unem, já que os pesquisadores podem chamar as mesmas coisas de nomes diferentes e coisas diferentes com o mesmo nome. Então há a necessidade de se estabelecer uma linguagem científica única para ser possível, inclusive, criar um banco de dados do relevo”, explica a geógrafa Rosangela Botelho, chefe do setor do meio físico da Diretoria de Geociências (DGC) do IBGE.

O SBCR também organiza os workshops de Cartografia Geomorfológica, em que são apresentados os avanços do próprio sistema à comunidade científica, que pode participar dos debates. A excursão pelas montanhas do Rio aconteceu nesse contexto e foi a primeira a reunir especialistas da área com o objetivo de difundir e discutir a taxonomia do relevo. No percurso e nos pontos de parada, foram discutidas questões importantes para o sistema.

Rosangela destaca que um dos avanços do SBCR foi conseguir chancelar frente à comunidade científica a existência de montanhas no país. “Foi dito por muitos anos que o Brasil tinha planaltos, planícies e depressões, mas não tinha montanhas. Inclusive vivi isso na escola. Exemplos das montanhas brasileiras são a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira. Elas podem não ser tão altas quanto o Himalaia ou os Andes porque são bem mais antigas e sofreram desgastes ao longo do tempo, mas seus processos de formação são semelhantes aos das demais montanhas do mundo”, aponta, ressaltando também que 33% da área do Rio de Janeiro é composta por relevos de montanhas, a maior extensão entre os estados brasileiros.

Foi na terceira edição do workshop, no Rio, que ocorreu a primeira excursão técnica pelas montanhas brasileiras. Em 12 de novembro do ano passado, os 33 participantes da excursão partiram do campus Maracanã da UERJ para o primeiro ponto de parada, o Mirante do Cristo, em Petrópolis. O lugar se destaca pelas vertentes íngremes e a vista, a cerca de 740 metros de altitude, da Baía de Guanabara. Do mirante, os pesquisadores partiram para o segundo ponto, localizado no limite entre Petrópolis e Teresópolis. Lá se localizava o ponto mais alto da excursão: cerca de 1270 metros de altitude.

"É uma área que impressiona pela sua grandeza. Lá discutimos a fragilidade dos ambientes de montanhas em termos de ocupação e uso da terra, especialmente nessa região úmida do Sudeste. O Rio de Janeiro, que costuma ter chuvas fortes de verão, é palco de muitos desastres e deslizamentos, como o que ocorreu nessa região em 2011 e no ano passado”, relata a pesquisadora.

Depois, os pesquisadores seguiram para o terceiro ponto, o Mirante do Soberbo, em Guapimirim, no limite com Teresópolis. A publicação ressalta a vista panorâmica da região metropolitana do Rio, com destaque para a Baixada Fluminense, a Baía de Guanabara e os Maciços Costeiros, além da visão do emblemático conjunto rochoso do Dedo de Deus. O quarto ponto, que estava no roteiro da excursão, seria em Santo Aleixo, em Magé, mas não foi percorrido por causa do mau tempo no final da tarde daquele dia.

A excursão técnica nas montanhas do Rio foi a primeira a reunir especialistas da área para discutir a taxonomia do relevo - Foto: Acervo IBGE
A excursão técnica nas montanhas do Rio foi a primeira a reunir especialistas da área para discutir a taxonomia do relevo - Foto: Acervo IBGE
A excursão técnica nas montanhas do Rio foi a primeira a reunir especialistas da área para discutir a taxonomia do relevo - Foto: Acervo IBGE
A excursão técnica nas montanhas do Rio foi a primeira a reunir especialistas da área para discutir a taxonomia do relevo - Foto: Acervo IBGE
A excursão técnica nas montanhas do Rio foi a primeira a reunir especialistas da área para discutir a taxonomia do relevo - Foto: Acervo IBGE
A excursão técnica nas montanhas do Rio foi a primeira a reunir especialistas da área para discutir a taxonomia do relevo - Foto: Acervo IBGE

Entre os participantes da excursão estavam dois professores da Universidade de Chile, Hugo Romero e Maria Victoria Soto, que a partir de suas experiências com os Andes, compreenderam a Serra do Mar, na área visitada, como um relevo de montanhas. “Eles ficaram maravilhados e felizes porque não sabiam que aqui havia montanhas tão lindas. Não é dito internacionalmente que o Brasil é um país de montanhas. Por isso esperamos que as excursões possam ajudar nesse entendimento. Acredito que será um facilitador”, diz Rosangela, que ainda fala sobre a necessidade de adotar o termo “montanha”, reconhecido internacionalmente, e não serra, por seu uso ser mais restrito ao redor do mundo.

No último sábado (26), ocorreu a segunda excursão técnica organizada pelo SBCR, intitulada “Adentrando a planície pantaneira”, que partiu de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, e teve como último ponto as Serras e Morrarias do Urucum, em Corumbá, também no estado. A expedição, que contou com a presença de 44 participantes, faz parte do 14º Simpósio Nacional de Geomorfologia (SINAGEO), que está acontecendo no município. A próxima excursão está prevista para ocorrer no ano que vem na Paraíba.