Censo 2022
Com apoio do MPO, IBGE assina acordo de cooperação para finalizar Censo em território Yanomami
03/03/2023 11h00 | Atualizado em 13/04/2023 10h06
O IBGE assinou ontem (2) acordo de cooperação técnica com o objetivo de finalizar a coleta do Censo Demográfico 2022 em território indígena Yanomami. A iniciativa foi coordenada pela ministra do Planejamento e Orçamento (MPO), Simone Tebet, junto à ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e ao Ministério da Defesa, representado pelo Chefe de Operações Conjuntas, General José Eduardo Pereira. A frente ministerial foi formada para viabilizar a operação por meio do intercâmbio de bens e de pessoal, além de suporte logístico.
Durante a primeira fase da operação censitária, encerrada dia 28 de fevereiro, foram coletados dados de cerca de metade dos residentes em território Yanomami, restando outra metade, que vivem em áreas de acesso mais complexo. A operação especial será iniciada na próxima segunda-feira (6/3).
Em um contexto de apoio oficial, federal, institucional e incondicional ao Censo, a ministra Simone Tebet, reforçou ter a mais absoluta confiança no trabalho do IBGE. “Poucos institutos no mundo têm a capacidade e a eficiência do IBGE. Isso se deve aos valorosos servidores e servidoras que, mesmo não tendo a remuneração que gostariam de ter, vestem literalmente o colete, batem de porta em porta, para dar o raio X do Brasil que somos”, afirmou. Simone também ressaltou o simbolismo de terminar a coleta do Censo 2022 com um povo originário. "O IBGE vai contar quantos yanomamis nós somos. Sim, porque, historicamente, é de nós que estamos falando. Quão bonito é poder dizer que o censo brasileiro vai terminar onde tudo começou, com os povos indígenas, o povo Yanomami”, disse Simone.
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A ministra Sônia Guajajara ressaltou a relevância da frente de trabalho para garantir o Censo Yanomami. “Se a gente não tem essa definição, essa clareza, de qual é a real população Yanomami, a gente não consegue combater a situação de calamidade que está acontecendo, com atendimento médico e fornecimento de alimentos. Então é muito importante essa frente para que a gente conclua, junto ao IBGE, a contabilidade do povo para, assim, garantir o melhor atendimento”, afirmou.
Flávio Dino destacou a importância do evento para a garantia dos direitos indígenas. “Alguns pensam que há muita terra para poucos indígenas. E, se o recenseamento não consegue responder a esse preconceito, alguns se sentirão alimentados a continuar a reverberar essa falácia. Nós temos a quantidade de terra que é necessária para a organização dos povos indígenas. Um recenseamento bem feito vai corroborar os direitos indígenas inscritos na Constituição”, acrescentou o ministro.
Segundo o presidente interino e Diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, o apoio do Ministério do Planejamento e Orçamento e da frente ministerial está sendo essencial para a finalização do Censo em território Yanomami. Ele apontou a expectativa de que a quantidade de indígenas Yanomami seja muito superior ao número apurado no Censo 2010. “Hoje eu tenho 21.579 indígenas Yanomami recenseados, sendo 9.993 do lado do Amazonas e 11.586 do lado de Roraima. Em 2010, nós tínhamos 26.000 Yanomami, nas duas áreas. Nós temos expectativa que vamos superar e muito esse número, talvez atingindo até 32.000 Yanomami”, explicou.
Cimar também destacou que o IBGE cumpre o papel de realizar o recenseamento seguindo recomendações internacionais. “O Censo brasileiro tem uma equipe de povos e comunidades tradicionais que está à frente do Censo. É hoje a equipe que vem desde 2018 com um nível de detalhe dessa operação incrível. O Brasil talvez seja um dos únicos países do mundo a cumprir a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, que indica que não se pode entrar em terras indígenas sem antes falar com as lideranças. Nós conversamos com todas elas. Não adentramos a nenhuma área sem antes conversar com as lideranças”, concluiu.