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Indústria nacional

Produção industrial avança 0,6% em julho, mas continua abaixo do patamar pré-pandemia

Editoria: Estatísticas Econômicas | Daniel Pereira

02/09/2022 09h00 | Atualizado em 02/09/2022 09h38


A indústria alimentícia avançou 4,3% e teve a maior influência positiva para o índice em julho - Foto: José Fernando Ogura/AEN-PR

A produção industrial apresentou variação positiva de 0,6% na passagem de junho para julho e voltou a crescer após queda de 0,3% no mês anterior. Com esses resultados, o setor ainda se encontra 0,8% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 17,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Na comparação com julho de 2021, houve queda de 0,5%. No ano, a indústria acumula queda de 2,0% e, em 12 meses, de 3,0%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada hoje (2) pelo IBGE.

“O setor industrial ao longo do ano de 2022 vem mostrando uma maior frequência de resultados positivos. São cinco meses de crescimento em sete oportunidades. Nesses resultados, observa-se a influência das medidas governamentais de estímulo e que ajudam a explicar a melhora registrada no ritmo da produção. Mas vale destacar que ainda assim a produção industrial não recuperou as perdas do passado”, explica o gerente da Pesquisa, André Macedo.

O gerente da pesquisa acrescenta que, no resultado desse mês, há uma predominância de atividades no campo negativo. Somente dez ramos industriais mostraram crescimento e 16 assinalaram queda. “É um crescimento que se dá de uma forma muito concentrada nesse mês de julho”, complementa o pesquisador.

 

Entre as atividades, a maior influência positiva para o resultado do mês frente ao mês anterior veio do setor de produtos alimentícios (4,3%). É o terceiro mês seguido de avanço na produção para essa atividade industrial com um ganho acumulado de 7,3%. “Esse crescimento foi bastante disseminado entre os principais itens dessa atividade. Desde o açúcar que tem uma alta importante para esse par de meses, até carnes bovinas, suínas e de aves, além dos laticínios e dos derivados da soja”, elucida o pesquisador.

Outras contribuições positivas vieram das indústrias de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,0%) e indústrias extrativas (2,1%). A primeira voltando a crescer após recuar 1,3% no mês anterior; e a segunda acumulando expansão de 5,0% em dois meses consecutivos de taxas positivas.

Em contraponto ao crescimento, máquinas e equipamentos (-10,4%), outros produtos químicos (-9,0%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-5,7%) exerceram os principais impactos negativos em julho de 2022. Com a primeira atividade intensificando a queda verificada no mês anterior (-3,8%); a segunda apontando o terceiro mês seguido de queda na produção e acumulando nesse período perda de 17,3%; e a última eliminando parte do crescimento de 10,0% acumulado nos meses de maio e junho de 2022.

“A atividade de máquinas e equipamentos foi diretamente afetada pelos itens que ficam dentro da indústria, tanto a de produção seriada quanto aquela feita sob encomenda, e que são associadas aos investimentos dentro do setor industrial e a modernização e ampliação do parque produtivo,” destaca Macedo.

Duas das quatro grandes categorias econômicas avançaram frente a junho. A maior variação positiva veio de bens intermediários (2.2%) que eliminou a perda do mesmo valor acumulado nos meses de maio e junho de 2022. Os bens de consumo semi e não duráveis (1,6%) também demonstraram crescimento após recuar 0,9% no mês anterior.

Em contrapartida, os setores produtores de bens de consumo duráveis (-7,8%) e de bens de capital (-3,7%) recuaram nesse mês, com a primeira interrompendo dois meses consecutivos de crescimento, período em que acumulou avanço de 10,2%; e a segunda intensificando a queda de 1,9% registrada no mês anterior.

Macedo também destaca que esse saldo negativo da indústria se deve não somente pelas restrições de ofertas de insumos e componentes eletrônicos para a produção do bem final, mas também, pelo lado da demanda doméstica, dos impactos negativos que já são observados há algum tempo. “São juros e inflação em patamares mais elevados. Isso aumenta os custos de crédito, diminui a renda disponível por parte das famílias e faz com que as taxas de inadimplência permaneçam em patamares mais elevados”, analisa.

Outro fator que influencia negativamente a produção industrial são as características do mercado de trabalho atual. “Mesmo com a redução das taxas de desocupação nos últimos meses ainda se percebe um contingente elevado de trabalhadores fora desse mercado de trabalho e uma piora nas condições de emprego que são gerados”, acrescenta Macedo.

Indústria recua 0,5% frente a julho do ano passado

Na comparação com o mesmo período de 2021, o recuo do setor industrial foi de 0,5%, segundo resultado negativo consecutivo nesse tipo de paralelo, com disseminação de resultados negativos em 16 dos 26 ramos investigados pela PIM. A principal atividade em termos de influência negativa foi outros produtos químicos (-9,9%), pressionada pela menor fabricação dos itens adubos ou fertilizantes, fungicidas para uso na agricultura, tintas e vernizes para construção, ureia e polietileno de alta e de baixa densidade. Também impactaram o índice as atividades de máquinas e equipamentos (-9,3%), indústrias extrativas (-3,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-13,0%) e produtos de metal (-9,2%).

Outras contribuições negativas vieram pelos ramos de produtos de minerais não metálicos (-4,8%), de produtos de madeira (-13,3%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-7,7%), de metalurgia (-2,7%), de móveis (-14,8%), de produtos têxteis (-10,0%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-4,7%) e de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-10,1%).

As maiores influências entre as dez atividades que apontam expansão na produção foram dos segmentos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (8,6%) e produtos alimentícios (4,3%). O primeiro segmento foi impulsionado, em grande medida, pela maior produção dos itens óleos combustíveis, óleo diesel, naftas para petroquímica, gasolina automotiva e querosenes de aviação. No segundo, a expansão no índice ficou por conta das contribuições de produtos como açúcar cristal, biscoitos e bolachas, carnes de bovinos congeladas, frescas ou refrigeradas, tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de soja e carnes de suínos congeladas.

“Quando se compara o patamar do setor industrial em 2022 com o do ano de 2021, ainda se observa uma produção industrial em queda e com perfil disseminado de taxas negativas entre as atividades industriais investigadas”, analisa.

 Mais sobre a pesquisa

A PIM Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970 relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação. A partir de maio de 2014, teve início a divulgação da nova série de índices mensais da produção industrial, após uma reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes; elaborar uma nova estrutura de ponderação dos índices com base em estatísticas industriais mais recentes, de forma a integrar-se às necessidades do projeto de implantação da Série de Contas Nacionais - referência 2010; e adotar as novas classificações, de atividades e produtos, usadas pelas demais pesquisas da indústria a partir de 2007, quais sejam: a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0 e a Lista de Produtos da Indústria - PRODLIST-Indústria.

Os resultados da pesquisa também podem ser consultados no banco de dados Sidra.