Contas Econômicas Ambientais
Produtos da biomassa representaram 9% da energia elétrica do país em 2018
09/12/2021 10h00 | Atualizado em 28/01/2022 14h55
Destaques
- Em 2018, a produção de energia elétrica oriunda dos produtos energéticos da biomassa foi de 54,4 mil GWh, o que representou 9% de toda a energia elétrica produzida no Brasil;
- Os insumos de biomassa mais utilizados para a geração elétrica foram a biomassa da cana (62,2%), da lixívia (27,0%) e da lenha (4,6%);
- A produção nacional dos insumos naturais energéticos da biomassa correspondeu a 91,3 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) em 2018;
- A soma do valor de produção dos quatro principais produtos energéticos da biomassa (álcool, o biodiesel, o carvão vegetal e a lenha) totalizou R$ 84 bilhões em 2018;
- O uso da lenha per capita pelas famílias apresentou um crescimento médio de 3,7% de 2015 para 2018, quando atingiu 112,1 quilos por habitante;
- Os gastos com os produtos energéticos da biomassa pelas famílias totalizaram R$ 90,4 bilhões em 2018, valor que corresponde a 1,5% do total de suas despesas
- Se excluirmos os gastos com eletricidade, o peso dos produtos energéticos da biomassa no total de gastos com produtos energéticos realizados pelas famílias foi de 34,5% em 2018
Em 2018, a produção de energia elétrica proveniente dos produtos energéticos da biomassa foi de 54,4 mil gigawatt-hora (GWh), o que representou 9% de toda a energia elétrica produzida no Brasil. Os dois insumos naturais mais utilizados para a geração desse tipo de eletricidade foram a biomassa da cana e a lixívia.
Já a soma do valor de produção dos quatro principais produtos energéticos da biomassa (álcool, o biodiesel, o carvão vegetal e a lenha) totalizou R$ 84 bilhões, correspondendo a 0,7% do valor bruto da produção total da economia para o mesmo ano. O álcool teve o maior peso, com 73,9% do valor bruto da produção.
As informações são das Contas Econômicas Ambientais da Energia: Produtos da Biomassa, publica hoje (09) pelo IBGE. A pesquisa é resultado de uma cooperação entre o Instituto e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com o apoio, em seus estágios iniciais, da Agência Internacional de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ GmbH), por intermédio do Ministério do Meio Ambiente. O estudo traz informações sobre os recursos e usos dos produtos energéticos da biomassa no Brasil.
“Trata-se de um importante instrumento para demonstrar os fluxos de recursos e usos dos insumos naturais e produtos energéticos entre o meio ambiente e a economia, tanto nos aspectos físicos quanto nos monetários”, explica Michel Lapip, gerente da pesquisa.
A pesquisa mostra que a produção nacional dos insumos naturais energéticos da biomassa foi de 91,3 milhões em 2018. Este valor representa cerca de 30% do total da produção nacional primária dos produtos energéticos do Balanço Energético Nacional, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Entre os insumos estão a biomassa da cana (bagaço, melaço e caldo de cana); a lenha; a lixívia; e outros energéticos da biomassa como o biogás, a biomassa e os óleos vegetais. Os dois mais utilizados foram a biomassa da cana (62,2%), vindo essencialmente do bagaço, e a lixívia (27%).
Segundo a pesquisa, de 2015 a 2018, o crescimento médio dos insumos naturais energéticos da biomassa foi de 1,4%. A produção do biodiesel foi a que teve o maior crescimento médio no período (10,7%), seguida pela de lixívia (6,5%) e pela do álcool (3,0%). A lenha também teve aumento (0,9%).
Consumo de lenha pelas famílias aumentou 3,7%
O uso da lenha per capita pelas famílias apresentou um crescimento médio de 3,7% de 2015 para 2018, quando atingiu 112,1 quilos por habitante. Já o consumo per capita de álcool pelas famílias caiu 0,8% no período, tendo ficado em 122,4 litros por habitante em 2018. “As famílias utilizam o álcool e o biodiesel para transporte e a lenha e o carvão para cozinhar e aquecimento”, exemplifica Lapip.
Quanto às fatias de participações no uso dos produtos, o estudo mostra que o álcool vem sendo mais usado pelas famílias do que pelas atividades econômicas. Em 2018, a participação do primeiro grupo foi de 82% contra 18% do segundo, atingindo R$ 86,2 bilhões e R$ 18,9 bilhões, respectivamente.
Por outro lado, a participação dos gastos com biodiesel pelas atividades econômicas foi de 95,6%, atingindo R$ 16,9 bilhões enquanto as famílias gastaram apenas R$ 786 milhões com biodiesel (4,4%). Para o carvão vegetal e a lenha, a pesquisa mostra uma diferença acentuada entre a participação em termos físicos ou em termos de gastos. Em 2018, a participação das atividades econômicas para o carvão vegetal foi de 81,0% (R$ 4,8 bilhões) em relação aos gastos e, no que diz respeito ao uso físico, de 90,9% (3,6 milhões de tep). Para as famílias, foi de 19,0% nos gastos contra 9,1% no uso físico.
Já no caso da lenha, a participação das atividades econômicas nos gastos foi de 63,8% (R$ 4,2 bilhões), e de 71,7% no uso físico (18,4 milhões de tep). As famílias ficaram com 36,2% (R$ 2,4 bilhões) e 28,3% (7,3 milhões de tep), respectivamente.
Os gastos de consumo final per capita das famílias apresentaram aumento para todos os produtos energéticos da biomassa, se comparados a 2015, com exceção do carvão vegetal. Os gastos per capita com o biodiesel e a lenha registraram crescimento em todos os anos da série, com média de 14,4% e 7,9%, respectivamente.
Gastos com produtos da biomassa pelas famílias representam 34,5% das despesas com energia
Os gastos com os produtos energéticos da biomassa pelas famílias totalizaram R$ 90,4 bilhões em 2018, representando 34,5% das despesas associadas ao total de produtos energéticos, exceto a eletricidade. O gerente da pesquisa justifica a retirada da eletricidade da conta. “É um gasto que não conseguimos separar a origem. Quando usamos a eletricidade em nossa casa, não sabemos o quanto dela vem de energia hidráulica ou energia eólica, e o quanto vem da energia do bagaço da cana”, diz Lapip.
Dentre os produtos utilizados, o álcool foi o que concentrou a maior parcela desses gastos. Utilizado majoritariamente para transporte, ele representou 95,3% dos gastos das famílias, atingindo R$ 86,2 bilhões em 2018, enquanto o biodiesel representou 0,9% das despesas das famílias, com R$ 800 milhões. Já no que diz respeito aos gastos das famílias com carvão vegetal e lenha, utilizados para cocção e aquecimento, totalizaram, respectivamente, R$ 1,1 bilhão e R$ 2,4 bilhões.