Revista Brasileira de Geografia
Nova edição da Revista Brasileira de Geografia intensifica diálogo entre IBGE e as universidades
28/09/2021 10h00 | Atualizado em 24/10/2022 12h29
Destaques
- Nova edição da RBG traz artigos sobre os aspectos geomorfológicos e geopolíticos relativos às ilhas e sobre a ocupação do território a partir da associação entre rotas fluviais e terrestres ao longo do século XVIII em Minas Gerais.
- A revista apresenta também uma resenha do livro “Modo de vida imperial: Sobre a exploração de seres humanos e da natureza no capitalismo global”, de Ulrich Brand e Markus Wissen.
- O ensaio do professor Roberto Lobato Corrêa aborda a questão dos modelos em Geografia e traz proposta de classificação.
- A edição faz uma homenagem aos geógrafos Jorge Xavier da Silva, Marilourdes Lopes Ferreira e João Baptista Ferreira de Mello, que faleceram no primeiro semestre de 2021.
O IBGE lança hoje o primeiro número do volume 66 da Revista Brasileira de Geografia (RBG). Com dois artigos, um ensaio e uma resenha, este número, voltado para os estudos acadêmicos, busca dar visibilidade às pesquisas institucionais e ao diálogo entre o IBGE e as universidades. “O papel da revista é fazer a interface entre o que se produz dentro do IBGE e reflexões e pesquisas desenvolvidas na academia”, analisa a editora executiva da revista, Maria Lucia Vilarinhos.
O artigo “O que é uma ilha? Os horizontes da insularidade”, de Matheus Sartori Menegatto, mestre em Geografia pela USP e professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (SP), aborda os aspectos geomorfológicos, ambientais, linguísticos, culturais e geopolíticos vinculados à condição de insularidade. “É um tema muito importante ainda pouco discutido na geografia brasileira, e o artigo traz análises interessantes e surpreendentes”, comenta Vilarinhos.
Já o artigo “Associação entre rotas fluviais e terrestres na ligação entre o litoral e os sertões de Minas Gerais”, de Patrícia Gomes da Silveira, doutoranda em Geografia pela UFRJ, fala sobre os circuitos que entrelaçaram rotas fluviais, caminhos terrestres e pequenos povoados entre o litoral e os sertões, ao longo do século XVIII, em Minas Gerais. “Este também é um assunto para o qual temos pouca produção, principalmente se consideramos sua enorme importância para entender a ocupação do território”, destaca a editora. “O artigo mostra ainda como a coroa portuguesa controlava essa articulação através da cobrança de impostos nos registros”, completa.
A resenha de Guilherme Pereira Cecato, mestrando em Geografia da UNESP/Presidente Prudente, apresenta o livro “Modo de vida imperial: Sobre a exploração de seres humanos e da natureza no capitalismo global”, de Ulrich Brand e Markus Wissen, lançado no Brasil em 2021 pela Editora Elefante. Os autores são ativistas e pesquisadores alemães que destacam a crise socioambiental em que a atual fase do capitalismo lançou o conjunto do planeta. “O que eles chamam de modo vida imperial é o modo de vida no norte global, reproduzido também pelas classes médias no sul”, explica Vilarinhos. “O livro é impactante e traz uma discussão atual sobre as transformações derivadas das mudanças climáticas”, complementa.
O número termina com o ensaio do professor titular da UFRJ Roberto Lobato Corrêa, que aborda a questão dos modelos em Geografia. Ele destaca as polêmicas que acompanharam a introdução do tema na Geografia brasileira na década de 1970, os tipos de modelos e suas funções, além de apresentar uma proposta de classificação.
Além disso, neste volume, a Revista Brasileira de Geografia homenageia o geógrafo e professor Jorge Xavier da Silva, do departamento de Geografia da UFRJ; a geógrafa do IBGE e professora da ENCE Marilourdes Lopes Ferreira; e o professor João Baptista Ferreira de Melo, que atuou no IBGE e no departamento de Geografia da UERJ, que faleceram no primeiro semestre de 2021. Os três fizeram parte dos quadros do IBGE e contribuíram para o avanço no campo dos conhecimentos geográficos no Brasil.
Editada pelo IBGE, a RBG é uma publicação científica digital com dois lançamentos por ano. A submissão de trabalhos é contínua e está aberta a pesquisadores de instituições nacionais e internacionais, inclusive do IBGE.