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IPCA

Inflação desacelera para 0,21%, a menor para janeiro desde o início do Plano Real

Editoria: Estatísticas Econômicas | Alerrandre Barros

07/02/2020 09h00 | Atualizado em 10/03/2020 17h21

#PraCegoVer A foto mostra à esquerda um balcão de supermercado com salcichas, o resto da imagem mostra corredores do supermercado
Preços das carnes tiveram deflação de 4,03%, exercendo o maior impacto negativo no IPCA de janeiro - Foto: Eduardo Peret/Agência IBGE Notícias

A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou para 0,21% em janeiro, depois de registrar alta de 1,15% em dezembro, divulgou hoje (7) o IBGE. É o menor resultado para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em julho de 1994. No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador registrou 4,19%. Em janeiro de 2019, a taxa havia ficado em 0,32%.

A variação dos preços no mês passado foi calculada com base na nova cesta de produtos e serviços, que foi atualizada, a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, para acompanhar mudanças nos hábitos de consumo da população brasileira. O IPCA de janeiro contém ainda preços do transporte por aplicativo, coletados pela primeira vez por um robô virtual.

Segundo o gerente de Índice de Preços do IBGE, Pedro Kislanov, o recuo no preço das carnes puxou o indicador para baixo. “A desaceleração no grupo alimentação e bebidas (de 3,38% em dezembro para 0,39% em janeiro) deveu-se, principalmente, ao comportamento dos preços das carnes. Após a alta de 18,06% no mês anterior, as carnes apresentaram queda de 4,03% no IPCA de janeiro, contribuindo com o maior impacto negativo no índice do mês (-0,11 p.p.)”.

“Tivemos uma alta muito grande no preço das carnes, nos últimos meses do ano passado, devido às exportações para a China e alta do dólar que restringiram a oferta no mercado interno. Agora, percebemos um recuo natural dos preços, na medida em que a produção vai se restabelecendo para atender ao mercado interno”, avaliou ele.

 

Outra contribuição negativa partiu de saúde e cuidados pessoais (-0,32%), principalmente por conta produtos para pele (-6,51%) e dos perfumes (-4,66%). No lado das altas, os destaques foram o plano de saúde (0,60%) e os produtos farmacêuticos (0,33%). Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,48% em vestuário e a alta de 0,35% em despesas pessoais.

Já o maior impacto positivo no índice veio do grupo habitação, que também registrou a maior variação (0,55%) entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, puxada pelos preços de condomínio (1,39%) e aluguel residencial (0,61%).

O resultado dos transportes (0,32%), que passaram a ter o maior peso na nova cesta, foi puxado pela gasolina (0,89%) e o etanol (2,59%). Os preços dos ônibus urbanos variaram 0,78%, devido aos reajustes nas tarifas em várias regiões. Já o maior impacto negativo (-0,05 p.p.) veio das passagens aéreas (-6,75%), que haviam apresentado alta de 15,62% no índice de dezembro.

Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,48% em vestuário e a alta de 0,35% em despesas pessoais.

Kislanov observa que nenhum dos novos itens da cesta impactaram o indicador em janeiro, mas cita algumas variações: o transporte por aplicativo, cujos preços foram coletados pelo robô criado pelo IBGE, recuou 0,54%, com a maior queda em São Paulo (-2,89%) e maior alta em Goiânia (1,99%). Serviços de streaming não variaram. Higiene de animais domésticos recuou 0,19%, cabeleireiro e barbeiro avançou 0,20% e sobrancelha, recuou 0,26%.

Três regiões tiveram deflação

Entre as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE, três tiveram deflação: Rio Branco (-0,21%), São Luís (-0,19%) e Brasília (-0,12%). Na capital do Acre, o recuo ocorreu por conta da queda na energia elétrica (-4,77%)

A região metropolitana de Belém e o município de Aracaju apresentaram a maior inflação (0,39%) entre as áreas pesquisadas. No primeiro caso, o índice foi influenciado pela alta nos preços do açaí (13,44%) e da refeição (3,24%). No segundo, os maiores impactos vieram da gasolina (1,55%) e do tomate (20,16%).

Na região metropolitana do Rio de Janeiro, o indicador ficou em 0,05%, e não foi impactado pelo aumento nos preços da água mineral, que provocou uma corrida aos supermercados, em janeiro, devido aos problemas de abastecimento. “O IBGE calcula a variação da água mineral junto com a dos refrigerantes. Em janeiro, o subitem ficou em 2,05%, acima dos -1,32% de dezembro”, comentou o gerente do Índice de Preços.

INPC registra menor variação para o mês desde 1994

O IBGE também divulgou hoje (7) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referente às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos. O INPC teve alta de 0,19% em janeiro, abaixo dos 1,22% registrados em dezembro. Esse também foi o maior resultado para um mês de janeiro desde o início do Plano Real. O acumulado nos últimos 12 meses ficou em 4,30%. Em janeiro de 2019, a taxa foi de 0,36%.