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Censo Agropecuário

Número de estabelecimentos que usam agrotóxicos sobe 20,4%

Editoria: Estatísticas Econômicas | Umberlândia Cabral | Arte: Brisa Gil

25/10/2019 10h00 | Atualizado em 22/11/2019 14h17

Aumento do uso de agrotóxicos pode ser agravado pelo mau uso e falta de fiscalização - Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias 

O número de estabelecimentos que admitiram usar agrotóxicos aumentou 20,4% nos últimos 11 anos. Os dados são do Censo Agropecuário 2017, divulgado hoje pelo IBGE, que também mostrou o elevado número de analfabetos que aplicaram esse tipo de produto no campo. De acordo com a pesquisa, 15,6% dos produtores que utilizaram agrotóxicos não sabiam ler e escrever e, destes, 89% declararam não ter recebido qualquer tipo de orientação técnica.


Dos produtores alfabetizados que utilizam agrotóxicos, 69,6% possuíam no máximo o ensino fundamental e, entre eles, apenas 30,6% declararam ter recebido orientação técnica a respeito da aplicação do produto. “Esta informação é mais grave do que o total de agrotóxicos. Uma pessoa que não sabe ler e escrever e que não recebeu orientação técnica, em quais condições aplicava esse agrotóxico?”, questiona o gerente técnico do Censo Agropecuário, Antonio Carlos Florido.

Em relação aos estabelecimentos que declararam utilizar agrotóxicos, 73% tinham menos de 20 hectares de área de lavouras. A despesa desse tipo de estabelecimento com o produto é significativamente menor em comparação com o gasto das médias e grandes concentrações de terra. Dos 32 bilhões de reais da despesa com agrotóxicos, apenas 7,4% são de estabelecimentos desse porte. A despesa média, no valor de R$1.918 no período de referência, significou R$160 por mês.

Observando a série histórica dos estabelecimentos que declararam usar agrotóxico, é possível conferir a oscilação dos números. O registro mais alto foi feito em 1980 (quase 2 milhões) e o mais baixo em 2006 (quase 1,4 milhão). De acordo com Florido, a queda no período entre os Censos de 1995 e 2006 pode ser justificada pela mudança da nomenclatura, de “defensivos agrícolas” para “agrotóxicos”, com base na Lei Federal 7.802, de 1989. “É mais fácil dizer que usou defensivo do que agrotóxicos, que é um nome mais agressivo”, afirma o gerente técnico.

Florido acrescenta que o mais preocupante é o modo que o agrotóxico pode estar sendo utilizado. “O problema é o mau uso, a falta de instrução e a falta de fiscalização, não o produto em si”, conclui.