Contas Nacionais
São Paulo e Rio de Janeiro perdem participação no PIB em 15 anos
14/12/2018 10h00 | Atualizado em 14/12/2018 10h06
A participação de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) no Produto Interno Bruto (PIB) nacional caiu de 19% para 16,2%, entre 2002 e 2016. Ainda assim, as duas capitais permanecem como o primeiro e o segundo maiores PIBs do país, respectivamente. Os dados são da publicação PIB dos Municípios 2016, divulgada hoje pelo IBGE.
A capital paulista perdeu 1,7 ponto percentual (p.p.) de participação desde 2002, por motivos relacionados à perda de unidades da indústria de transformação, como explica Frederico Cunha, gerente da coordenação de Contas Nacionais do IBGE. “Há uma evidente desindustrialização da capital para o interior do estado. Já a partir de 2014, o impacto vem da queda dos empreendimentos imobiliários de alto padrão. A indústria da construção ainda não se recuperou desde então”.
No caso do Rio de Janeiro, a perda no período foi de 1,1 p.p. “A cidade perde participação no próprio estado, em função do avanço da indústria extrativa de petróleo e gás, principalmente a partir da década de 2000”, explica Frederico.
De acordo com o pesquisador, a capital fluminense perdeu participação, principalmente, no setor financeiro, comunicação e informação, o que repercute na atividade comercial. “A construção também perde participação para o resto do Brasil, mas neste caso, em função do espalhamento da atividade por todas as regiões”, complementa.
Participação do PIB cada vez mais desconcentrada
Os municípios das capitais perderam 2,9 p.p de participação no PIB do país entre 2002 e 2016, passando de 36,1% para 33,1%. Frederico comenta que, além do avanço dos demais municípios, outros indicadores apontam para uma certa desconcentração: “o índice de Gini, que mede essa concentração, teve uma leve variação de 0,86 para 0,85, mas o da Indústria foi de 0,92 para 0,89, indicando um espalhamento para fora das regiões tradicionais”.
O pesquisador destacou também que a desconcentração da Indústria é acompanhada pelos Serviços e pela Administração Pública. “Quando você descentraliza e a indústria avança, é preciso levar serviços. E o estado acaba tendo que crescer”.
Ele explica, ainda, que o aumento da renda disponível em municípios menores, em função do sistema de proteção social implementado no período, foi um importante fator. “Você gerou mais renda e, em um segundo momento, entram os serviços pessoais, que cresceram em todo o Brasil, e os serviços oferecidos pelo Estado”. Em 2016, 55% dos municípios tinham como principal atividade a Administração Pública: “para os municípios pequenos, a Administração Pública sempre é a atividade mais importante”, conclui.
Serviços financeiros impulsionam Osasco no ranking dos municípios
Osasco (SP) ganhou 0,4 p.p de participação entre 2002 e 2016, o maior aumento do período, subindo da 16ª para a 6ª posição no ranking dos municípios. “O que fez Osasco subir em participação foram os serviços financeiros, pois é a sede de um grande banco. Além disso, a cidade também se beneficiou pelo rodoanel, é um município estratégico de distribuição do comércio atacadista”, explica Frederico.