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Educação

Especialistas discutem combate à propagação de informações falsas

Editoria: IBGE | Ana Laura Azevedo

19/11/2018 12h00 | Atualizado em 19/11/2018 15h53

O 3o Seminário IBGE de Portas Abertas para a Escola, realizado na semana passada (13) no Rio de Janeiro (RJ), trouxe especialistas para discutir a produção e a divulgação de informações confiáveis para crianças e jovens. Entre os palestrantes que compartilharam suas experiências, estavam representantes do NexoEDU, do Armazenzinho de Dados, do Data_Labe, da Escola Nave, do Jornal Joca, da LupaEducação e do IBGEeduca. Em breve serão disponibilizados no site do evento os vídeos das apresentações e os certificados para os participantes.

Na abertura do evento, o coordenador geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI) do IBGE, David Wu Tai, enfatizou a importância de o instituto ter conteúdos adaptados ao público escolar, de forma a contribuir para a missão de fortalecer o exercício da cidadania. “Não basta o IBGE ser um excelente coletor e produtor de informações, saber analisar esses dados, publicá-los e colocá-los na internet, se o público final a que se destina não conseguir absorver aquela informação”, afirmou David.

Em seguida, a coordenadora do IBGEeduca, plataforma de educação do instituto, Renata Corrêa, retomou a história dos projetos voltados ao público escolar e contextualizou o tema do seminário com a importância de discutir os desafios e possibilidades ao comunicar informações confiáveis a uma geração jovem que acessa e produz tanto conteúdo.

Informação confiável e contextualizada

O gerente de marketing da Agência Lupa, Douglas Silveira, que coordena o projeto LupaEducação, contextualizou o conceito de fact checking (checagem de fatos), que surge como contraposição à desinformação, refletindo que a ideia de “pós-verdade” é uma espécie de “gourmetização da mentira”.

Voltada à capacitação para checagem de notícias, a LupaEducação realiza palestras e treinamentos, que inicialmente eram voltados a universitários e profissionais. Porém, diante do interesse de estudantes e professores de Ensino Médio, o projeto realizou algumas capacitações para esse público, além de buscar parcerias para ações voltadas diretamente aos mais jovens, como a iniciativa Fake ou News.

A editora-executiva do Jornal Nexo, Marina Menezes, apresentou o NexoEDU, área que destaca conteúdos relativos a atualidades e a temas do currículo escolar. Marina explicou que o jornalismo do Nexo é voltado à contextualização, o que faz com que o veículo tenha “vocação para a educação”.

Para ela, tanto o jornalismo quanto a educação são “essenciais para a democracia, o exercício da cidadania e a formação de opinião para a tomada de decisão”. Ela conta que os próprios comentários de alguns leitores nas redes sociais já relatavam o uso de materiais do Nexo em sala de aula e pesquisas escolares, e que é comum a solicitação de licenciamentos para materiais didáticos, o que motivou a criação do Nexo EDU.

Na apresentação do Armazenzinho, a coordenadora geral de produção, Neide Carvalho Monteiro, e o desenvolvedor Luiz Murillo Tobias contaram que o site surgiu com fins pedagógicos para facilitar a visualização de dados sobre o município do Rio de Janeiro. Assim, a ferramenta traz dados de diversas fontes, entre elas o IBGE e secretarias municipais, que podem ser visualizadas em um formato georreferenciado e com algumas possibilidades interativas.

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Renata Corrêa e David Wu Tai, do IBGE, durante a abertura do evento
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Tatiana Miranda destacou a importância da interatividade e da contribuição dos usuários no IBGEeduca
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Gilberto Vieira, que dirige o Data_Labe, apresentou o laboratório de dados e narrativas localizado na Maré
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A professora da Escola Nave Sarah Nery contou suas experiências em sala de aula
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Maria Carolina Cristianini, do Jornal Joca, veículo noticioso voltado a crianças e jovens
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Marina Menezes explicou que o jornalismo do Nexo é voltado à contextualização das informações
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Neide Monteiro mostrou como o Armazenzinho oferece dados do município do Rio de Janeiro
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Para Douglas Silveira, da LupaEducação, a ideia de “pós-verdade” é uma espécie de “gourmetização da mentira”

Crianças e jovens como protagonistas

A pedagoga do IBGEeduca, Tatiana Miranda, apresentou o portal e os desdobramentos do projeto, como o trabalho realizado pelas unidades estaduais do instituto. Ela destacou a importância da interatividade e da contribuição dos usuários, além do esforço de tornar os dados mais acessíveis para o público em geral, uma iniciativa que se harmoniza com a recomendação da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) de promover a alfabetização midiática e informacional.

Na sequência, o comunicador e gestor cultural Gilberto Vieira, que dirige o Data_Labe, exibiu o laboratório de dados e narrativas localizado na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro (RJ). Ele explicou que o projeto surgiu da “ideia de criar um laboratório que use dados públicos para construir narrativas sobre nós mesmos”, ou seja, dar visibilidade a histórias produzidas por jovens que vivem na Maré e em seu entorno com respaldo em bases públicas de dados.

Sarah Nery, da Organização Planetapontocom e professora de Narrativas Digitais e Pesquisa no curso de Roteiro para Mídias Digitais da Escola Nave, compartilhou a experiência realizada com uma turma de seus alunos, que foram responsáveis pela análise do antigo site IBGE Teen e por sugestões para a área de jovens do IBGEeduca.

Ela trouxe as características que a turma considerou como boa fonte de pesquisa, e que nortearam a formulação da plataforma de educação do IBGE. Entre as sugestões estavam a otimização para que o site aparecesse entre os primeiros resultados de buscadores, uso de recursos multimídia, adoção de linguagem clara e coloquial, navegação intuitiva, integração com as redes sociais e divisão das informações por camadas.

A editora do Jornal Joca, Maria Carolina Cristianini, apresentou o veículo noticioso voltado a crianças e jovens, e refletiu sobre o quanto a leitura de notícias desde a infância contribui para gerar cidadãos mais engajados e com maior capacidade argumentativa. Quanto ao trabalho jornalístico, Maria Carolina comentou que escrever para crianças exige tanta apuração e checagem quanto o jornalismo tradicional, com a necessidade adicional de explicar e contextualizar todos os temas tratados. “O Joca sempre procura ouvir pessoas que estão nas situações retratadas, de preferência crianças e jovens”, conta.