PNAD Contínua
Norte e Nordeste convivem com restrições no acesso a saneamento básico
26/04/2018 10h00 | Atualizado em 02/05/2018 09h05
O acesso a serviços de saneamento básico segue como desafio no Norte e no Nordeste do Brasil, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Características dos Moradores e dos Domicílios, divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE. As duas regiões permanecem abaixo da média nacional em abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo.
As regiões vivem dificuldades diferentes em relação ao abastecimento de água. A Norte tem apenas 59,2% dos domicílios ligados à rede geral de distribuição, bem menos que os 85,7% do registrado nacionalmente e os 92,5% do Sudeste. Enquanto isso, é mais comum nesta região o abastecimento por poço profundo ou artesiano (19,6% contra 6,6% no país) e poço raso freático ou cacimba (15,0% contra 3,3% nacionalmente).
No Nordeste, a rede geral de abastecimento é um pouco mais extensa, alcançando 80,3% dos domicílios. O resultado não fica muito abaixo do número nacional, mas a disponibilidade do serviço revela outra realidade. Enquanto no país 86,7% das residências com rede geral recebe a água diariamente, no Nordeste esse percentual cai para 66,0%. No Norte, por exemplo, o acesso era diário em 88,1% dos domicílios ligados à rede.
“São duas situações ruins: uma que tinha acesso, mas não diário; na outra, era um percentual menor que tinha acesso à rede geral”, pontua a gerente da PNAD Contínua, Maria Lúcia Vieira.
Em relação ao esgotamento sanitário, Norte e Nordeste são as únicas regiões em que o percentual de domicílios ligados à rede geral diretamente ou via fossa é menor que 50%, enquanto a média nacional é de 66%. No Norte, 69,2% das residências despejam seu esgoto em fossas não ligadas à rede, percentual que chega a 48,2% no Nordeste.
“Há uma diferença regional bem acentuada. O Sudeste tem 88,9% dos domicílios ligados à rede ou com fossa ligadas a ela”, lembra Maria Lúcia. “É uma questão de infraestrutura. Essas regiões precisam de investimento adequado para melhorar essa rede de esgotamento”, completa.
A restrição na coleta de lixo, por outro lado, é outro desafio de Norte e Nordeste. Ambas as regiões estão no mesmo patamar em relação à coleta direta (69,8% e 69,6% dos domicílios, respectivamente) e por caçamba (10,2% e 12,1%), enquanto esses dados chegam a 91,6% (coleta direta) e 5,0% (caçamba) no Sudeste, por exemplo. No Brasil, 82,9% das residências têm lixo coletado diretamente e 7,9% por caçamba.
O problema se agrava na questão do lixo queimado na propriedade (18,2% no Norte e 16,0% no Nordeste), que ultrapassada o dobro do resultado nacional (7,9%) nas duas regiões. No Sudeste, esse percentual é de apenas 2,8% dos domicílios.
“É algo preocupante porque a queima do lixo na propriedade tem impacto ambiental não só na fumaça produzida, mas também nos resíduos que ficam no solo”, encerra Maria Lúcia.