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Agricultura

Maranhão ocupa terceiro lugar no ranking nacional de produção do açaí

Editoria: IBGE | Leandro Santos, do Maranhão

09/04/2018 09h00 | Atualizado em 03/05/2018 17h00

Com a produção concentrada no noroeste do estado, o Maranhão aumentou a extração de açaí nos últimos cinco anos, consolidando-se como um dos maiores produtores do fruto. Atualmente, o estado ocupa o terceiro lugar no ranking no país em relação ao alimento, típico da culinária local.

Os dados da Produção da Extração Vegetal e Silvicultura (PEVS) do IBGE confirmam esse fenômeno. No ano de 2012, por exemplo, foram extraídas 12,3 mil toneladas do produto, mantendo a tendência nos anos seguintes, chegando a 17,5 mil toneladas em 2016. O Maranhão foi um dos poucos onde foi registrado crescimento da extração ao longo deste período.

Segundo os dados de 2016, o principal produtor de açaí no Brasil continua sendo o estado do Pará, onde foram extraídas 131.836 toneladas em 2016. Em seguida, aparecem Amazonas (57.572 toneladas), Maranhão (17.508 toneladas), Acre (4.459 toneladas), Amapá (2.627 toneladas) e Rondônia (1.605 toneladas). 

#praCegoVer Cultivo de açaí nas terras de José Azevedo Filho
Maranhão era o terceiro maior produtor de açaí em 2016 segundo o IBGE
#praCegoVer O produtor de açaí Gervásio dos Santos
O produtor Gervásio dos Santos Teixeira, de 64 anos de idade, pertence à comunidade Colônia Cidade Nova
#praCegoVer O produtor de açaí Josias Pereira dos Santos
Josias Pereira dos Santos tem na produção do açaí a principal atividade econômica da propriedade
#praCegoVer Plantação queimada de açaí queimada em Boa Vista do Gurupi
Principalmente no 2º semestre do ano, as queimadas destroem o açaí
#praCegoVer Cultivo de açaí nas terras de José Azevedo Filho
Parte da produção de açaí de José Azevedo Filho  é cultivado a partir de mudas da planta
#praCegoVer José Azevedo Filho em sua plantação de açaí
José Azevedo Filho trabalha com o produto há 14 anos

Nova Olinda do Maranhão é o principal produtor no estado

É no noroeste do Maranhão onde estão os municípios que concentram a maior parte da produção do açaí de todo o estado. A extração do fruto na região vem aumentando gradativamente ao longo dos últimos anos, liderando o crescimento do fruto no estado.

O município de Nova Olinda do Maranhão (a cerca de 360 km de São Luís) é o principal produtor de açaí do estado, com uma extração de 2.404 tonelada em 2016. Nos últimos cinco anos, a produção na região cresceu principalmente entre os anos de 2014 e 2015 em que a extração do fruto aumentou 222,5%, passando de 683 para 2.203 toneladas.

Já o município de Luís Domingues (a 570 km de São Luís) apresentou uma pequena queda na produção entre 2014 e 2015, mas ainda assim ocupa a segunda posição no ranking das cidades maranhenses produtoras de açaí, com 1.790 toneladas extraídas em 2016.

É nesse município que está localizada a propriedade de José Azevedo Filho, de 47 anos. Donda, como é conhecido o proprietário, já tem a fazenda há 14 anos no local e foi um dos pioneiros na extração do açaí na região, quando todos acreditavam que a atividade não traria lucros.

Hoje, ele colhe os frutos de seu investimento e, mesmo trabalhando também com a pecuária e outras culturas, o seu forte é a extração do açaí. “E a cada ano vamos aumentando o plantio”, completou o produtor. A extração é realizada tanto na área plantada quanto a partir da vegetação nativa dentro da sua propriedade.

Atualmente, uma lata de açaí pesando 15 kg é vendida em média a R$ 30,00. Por safra, o produtor extrai cerca de 2.500 latas, o que lhe garante uma boa lucratividade.

Queimadas destroem parte da produção

Uma das adversidades enfrentadas pelos produtores da região são as queimadas que destroem grande parte das produções. No segundo semestre do ano, por causa das altas temperaturas na região, esse problema se torna ainda mais frequente e devastador.

José Azevedo passou por essa situação duas vezes. A primeira aconteceu em 2006 e a segunda, em 2012. Em todas as situações, o produtor teve de arcar com os prejuízos. “Esse problema das queimadas é sério. O vento ainda traz o fogo. Faz pena de ver”, lamentou o produtor.

Por situação semelhante também passou o produtor Gervásio dos Santos Teixeira, de 64 anos de idade, morador da comunidade Colônia Cidade Nova, no município de Boa Vista do Gurupi (a cerca de 500 km de São Luís).

Ele contou que parte da renda familiar vem da extração do açaí e, com a queimada que atingiu a sua propriedade alguns anos atrás, houve uma queda no orçamento. Mesmo com a situação, o produtor não desanimou. “Estamos tentando colocar tudo de novo. É o jeito, pois não podemos parar”, disse.

O proprietário Josias Pereira dos Santos, de 64 anos, também teve problemas com queimadas. Com uma propriedade de aproximadamente 21 hectares, ele desenvolve outras culturas em seu estabelecimento, mas a extração do açaí é a principal atividade. Porém, em novembro do ano passado, uma queimada destruiu cerca de 500 pés do fruto, acarretando-lhe perdas financeiras. “É um prejuízo para chorar a vida inteira”, disse.

Importante fonte de minerais

Com predominância na região Norte do país e em alguns estados do Nordeste, o açaí tem diversas utilidades. A principal delas vem das propriedades nutricionais da fruta: ela é uma importante fonte de minerais como ferro, cálcio, fósforo e algumas vitaminas. O palmito também é extraído para o consumo.

Já o extrato da fruta é utilizado na área de cosméticos e de estética como sabonetes, óleos corporais entre outros. Logo depois da extração da polpa, o caroço é reaproveitado no artesanato e como adubo orgânico, após sua decomposição.

Em São Luís, nos meses de outubro e novembro, é realizada a tradicional Festa da Juçara (a forma como o açaí é chamado no Maranhão, apesar de existir diferença entre os dois frutos). O evento é realizado há quase 50 anos no bairro do Maracanã, localizado na zona rural da capital maranhense.

Segundo os comerciantes do local, são vendidos em média mais de 10 mil litros da polpa da fruta por dia durante a festa. No local, a juçara pode ser degustada pura, com açúcar, com camarão seco, com farinha e vários outros ingredientes a gosto do visitante, da mesma forma como acontece em todo o Maranhão.