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Com primeira defesa de doutorado, pós-graduação da ENCE completa 20 anos

Editoria: IBGE | Camille Perissé, do Rio de Janeiro

17/01/2018 09h00 | Atualizado em 09/03/2018 08h22

A Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) existe desde 1953 com o bacharelado em Estatística, e seu programa de pós-graduação stricto sensu em População, Território e Estatísticas Públicas, criado em 1998, está completando 20 anos. Algumas atividades estão sendo planejadas ao longo do ano para marcar o vigésimo aniversário do programa, como sua aula inaugural, dia 5 de março, além de um evento comemorativo e uma publicação no segundo semestre, com objetivo de trazer reflexões sobre o programa. A ENCE foi a primeira Escola Superior de Estatística do Brasil e da América Latina, e faz parte do IBGE. Ela é, ainda, responsável por capacitações, aperfeiçoamento e formação de servidores do instituto.

De acordo com o professor e coordenador da pós, César Marques, “a criação da ENCE refletiu a preocupação do IBGE em formar profissionais engajados no desenvolvimento e produção das estatísticas nacionais”. Já na criação do mestrado acadêmico e, posteriormente, do doutorado, as discussões se iniciaram na década de 1970 e “já naquele momento se colocava que essa pós não deveria ser em estatística pura, mas sim em uma área de aplicação da estatística”. Portanto, a ENCE é considerada grande incentivadora de pesquisas interdisciplinares que possam interpretar e analisar as estatísticas públicas divulgadas pelo IBGE e outros órgãos oficiais – mas vale destacar que as teses e dissertações produzidas na Escola, contabilizadas em mais de 330 até 2017, não são consideradas dados oficiais de governo, e sim trabalhos científicos acadêmicos, como os de qualquer outra instituição de ensino.

Os pesquisadores do programa de mestrado e doutorado fazem questão de frisar seu caráter interdisciplinar: há uma ponte com áreas do conhecimento principalmente das ciências humanas, como geografia, sociologia urbana, economia e demografia. Na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), ele faz parte da grande área “Planejamento Urbano Regional e Demografia”. A pós da ENCE também oferece um curso lato sensu de Especialização em Análise Ambiental e Gestão do Território. Os cursos são marcados pela “busca de melhores métodos, mais eficiência e aumento da qualidade e confiabilidade da informação”, defende o coordenador.

Para Marques, o que mudou na trajetória da instituição nesses mais de 60 anos é reflexo das amplas transformações sociais e científicas ocorridas, como a urbanização, a globalização e o desenvolvimento da informática. “Sem dúvida, há uma demanda não só em compreender e aplicar as ferramentas estatísticas para analisar tais transformações, mas também para interpretar os significados de tais mudanças, o que demanda uma formação mais ampla e interdisciplinar”, afirma.

Defesa da primeira tese de doutorado

O doutorado da ENCE teve início em 2015, e os alunos da primeira turma serão formados até o início de 2019. O primeiro a defender a tese de doutorado foi Luiz Felipe Barros, no dia 13 de dezembro de 2017. O ex-aluno também é servidor da gerência técnica do Censo Demográfico do IBGE, e foi orientado pela professora Suzana Cavenaghi.

Barros é físico de formação, mas se encontrou na área de estatística e demografia. Ele conta que, quando terminou seu mestrado na ENCE, em 2009, resolveu cursar disciplinas avulsas no programa à espera de ingressar no doutorado quando este fosse aprovado, o que o permitiu começar o curso em 2015 com apenas duas disciplinas pendentes. Por isso, Barros concluiu o doutorado em pouco mais de dois anos e meio. “A grande vantagem que vejo na ENCE, em comparação com as demais instituições, é seu caráter multidisciplinar e a proximidade com IBGE, que é o maior produtor de informações do país”, disse o recém-formado.

O trabalho final de Barros, com o título “Potencialidades e desafios na utilização de registros administrativos e de imagens noturnas de satélite para a realização de estimativas populacionais municipais intercensitárias no Brasil”, discute de que forma o cálculo das populações das cidades feito pelo IBGE nos anos em que não há Censo pode ser aprimorado utilizando outros registros do governo ou mesmo imagens de satélite noturnas. Luiz explica que “partimos de um problema institucional e o tratamos de forma acadêmica para que se enquadrasse nas exigências de uma tese, e ainda tivemos o apoio do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) na parte que envolveu a utilização de dados de sensoriamento remoto”.

Na ocasião de defesa da tese, a banca de professores a destacou com louvor e distinção. Para Marques, desenvolver pesquisas de qualidade é muito positivo, pois “a boa construção de indicadores sociais depende fortemente de pesquisas amostrais muito bem desenvolvidas, ao mesmo tempo em que a interpretação e a construção de modelos estatísticos sobre fenômenos sociais devem estar bem fundamentadas em teorias sociais”.

O programa de pós-graduação da ENCE já possui parceria com outros países e recebe as chamadas bolsas-sanduíche da Capes, e, segundo o coordenador, uma das metas para os próximos anos é atrair discentes estrangeiros. Marques afirma que “com o curso de doutorado, as pesquisas podem ser aprimoradas, há maior potencial para a formação de grupos e projetos de pesquisa, com aumento das publicações e do impacto científico e social das pesquisas realizadas no programa” conclui.

A banca composta pelos professores Paulo Jannuzzi, Leandro González, Suzana Cavenaghi, Silvana Amaral, Denise Britz e Miguel Monteiro durante a defesa de tese do aluno Luiz Felipe Barros

Interessado (a) na pós da ENCE?

O programa de pós-graduação stricto sensu em População, Território e Estatísticas Públicas está estruturado em duas linhas de pesquisa: “População, Território e Condições de Vida” e “Produção de Estatísticas Públicas”. Na primeira, as pesquisas têm foco no estudo da dinâmica populacional e territorial e das condições de vida da população, englobando aspectos sociais, econômicos e ambientais. Já a segunda compreende o estudo das questões ligadas ao planejamento e à condução de levantamentos, como Censos, pesquisas amostrais e registros administrativos, usados para a produção de estatísticas públicas que retratem a dinâmica populacional/territorial e as condições de vida da população.

Dias 19 e 20 de fevereiro serão as inscrições em disciplinas do 1º trimestre de 2018, que aceita alunos avulsos, que não são matriculados no programa. As aulas do 1º trimestre vão de 5 de março a 25 de maio.