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Cerrado paulista concentra 1/3 da área cultivada de cana-de-açúcar do país

Editoria: Geociências

22/12/2017 10h00 | Atualizado em 08/02/2018 08h00

Produto de peso na economia brasileira no período colonial, a cana-de-açúcar hoje está presente em todo o território brasileiro, movimentando a economia de pequenos produtores rurais e das indústrias do açúcar e do combustível. Apesar dessa presença nacional, é o Cerrado paulista que concentra 1/3 da área cultivada de cana do país.

É o que mostra A geografia da cana-de-açúcar, publicação lançada hoje (22/12/2017) pelo IBGE, que analisa a dinâmica territorial desse produto, a partir de estudos sobre os lugares de origem dos insumos e máquinas agrícolas, as áreas de cultivo, as vias de escoamento da cana e seus derivados e os lugares de processamento industrial e de comercialização.

#PraCegoVer mapa do brasil que indica concentração de plantação de cana-de-açúcar no interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e litoral da Paraíba, Pernambuco e Alagoas

Ao longo do tempo, as plantações de cana se expandiram das áreas tradicionais de cultivo da costa nordestina e do Norte Fluminense (RJ) em direção aos planaltos do Rio Paraná, incluindo o Triângulo Mineiro, o centro-sul de Goiás e o sul do Mato Grosso do Sul. Em todas essas áreas, como em São Paulo, o ciclo de produção é altamente mecanizado.

“Em contrapartida, os pequenos produtores ainda produzem segundo as técnicas coloniais. É o caso, por exemplo, dos produtores do açúcar mascavo. A rapadura e o melado são outros exemplos de produtos que utilizam técnicas coloniais”, ressalta a geógrafa do IBGE, Daiane de Paula Ciriaco.

Cana-de-açúcar conecta diferentes lugares

Não pode haver uma distância muito grande entre a área plantada e a área onde ocorre o processamento. Isso porque, uma vez colhida, a cana precisa ser processada rapidamente. “Verificamos que as redes de envio da cana são relativamente curtas, cobrindo um intervalo médio de 70 km (entre a plantação e a usina)”, diz o geógrafo do IBGE, André Luiz Ferreira.

Já em relação aos insumos (maquinário e adubos, por exemplo) ocorre o oposto. Em geral, os municípios que centralizam a produção de insumos - como São Paulo, Cubatão e Recife - ficam distantes das áreas produtoras de cana.

A comercialização dos produtos derivados da cana também conecta lugares. “O etanol e a gasolina produzidos pelas grandes usinas têm maior foco no próprio consumo brasileiro. Já o açúcar, liga o Brasil a outros países através da exportação. Uma inovação desse trabalho é que a gente mapeou essa conexão, do porto brasileiro para os portos internacionais. Outra coisa é a conexão dos municípios brasileiros que mandam o açúcar para os portos”, explica o geógrafo do IBGE, Diogo Cabral.

Texto: Marcelo Benedicto e Marina Cardoso (estagiária)
Foto: Pexels