Mapas de recursos naturais orientam projetos ambientais e de infraestrutura
04/12/2017 10h00 | Atualizado em 04/12/2017 13h45
O Levantamento de Recursos Naturais divulgado hoje pelo IBGE não é somente uma representação cartográfica dos diferentes relevos, vegetações, solos e rochas de todo o território do Brasil, mas um instrumento para os mais variados tipos de estudos ambientais, inclusive cruzando dados de cada um desses temas. A publicação é composta por 555 cartas em escala 1:250.000, sendo que cada carta tem quatro versões, uma para cada dimensão ambiental retratada, totalizando 2.200.
Um exemplo de aplicação desses dados seria o estudo de impacto ambiental de uma construção ou cultura agrícola. Conhecendo o tipo do solo, da vegetação e do relevo locais, o pesquisador pode dizer onde é recomendável certo tipo de obra, plantação ou até mesmo em que lugares deve-se manter a floresta nativa, para evitar consequências indesejáveis, como a mudança no fluxo de um rio, por exemplo.
“Essa integração entre as diferentes informações nos dá a possibilidade de mostrar, por exemplo, a suscetibilidade de deslizamentos em determinado lugar, ou a capacidade de escoamento de um solo. Temos como modelar toda parte de geologia nos centros urbanos para vermos as melhores áreas para a construção civil. Podemos prever as melhores fontes de materiais, minérios...”, explica a gerente de tratamento e organização de dados, Luciana Temponi.
Depois de 19 anos, o trabalho foi concluído em 2017 e divulgado nesta segunda-feira. As raízes desse mapeamento remontam ao RadamBrasil, projeto iniciado ainda no Regime Militar, em 1970. A metodologia e os conhecimentos aplicados naquela época foram essenciais para o levantamento atual, assim como a incorporação pelo IBGE, em 1985, do corpo técnico que atuava no antigo empreendimento.
“Estamos finalizando o mapeamento somente agora, mas toda a base inicial vem do RadamBrasil. Partimos da mesma base”, explica Luciana. Um desdobramento importante do projeto é o banco de dados digital com todos os dados da pesquisa, que será incorporado ao site do IBGE no primeiro semestre de 2018.
Este é o primeiro levantamento a representar o Brasil nos quatro temas, de forma contínua, na escala 1:250.000. Essa escala é capaz de mostrar uma região metropolitana, por exemplo. Poucos países no mundo elaboraram um detalhamento deste nível, mas, entre esses, nenhum têm um território tão extenso quanto o nosso.
Texto: Rodrigo Paradella
Imagens: Sérgio Shimizu e Sebastião Souza Silva