Outubro Rosa incentiva a prevenção do câncer de mama
13/10/2017 09h00 | Atualizado em 16/10/2017 08h42
Quem vê Valéria Amaral sorridente em seu escritório, não imagina que ela já encarou o câncer duas vezes. Em 2005, Valéria perdeu o marido em decorrência de um melanoma, e ela, 10 anos depois, foi diagnosticada com câncer de mama. Após o resultado da primeira biópsia, e o início da quimioterapia, a advogada de 47 anos passou pelo processo de retirada de uma das mamas, porém manteve-se firme durante todo o tempo. “Eu sou uma pessoa positiva. Conheci muita gente que superou a doença, mas também outras, que, infelizmente, foram massacradas. A maioria dos casos tem tratamento quando identificados nos estágios iniciais”, ressalta.
Para apoiar pessoas como Valéria e estimular a participação da população no controle do câncer de mama é que existe o Outubro Rosa, campanha criada na década de 1990 nos Estados Unidos. Hoje, após três cirurgias, Valéria sabe que estar atenta ao seu corpo foi fundamental para o diagnóstico e sucesso do tratamento: “Como já tinha problemas hormonais, fazia os exames constantemente. Sempre fiz os três tipos de prevenção: a ultrassonografia, a mamografia e a ressonância”, relembra.
O mastologista e diretor do Instituto Nacional de Câncer (Inca), doutor Marcelo Bello, recomenda que as mulheres procurem avaliação médica sempre que notarem algum problema. “O exame utilizado para o rastreio da doença é a mamografia. A recomendação do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que ele seja realizado na faixa etária de 50 a 69 anos a cada dois anos, mas não significa que mulheres fora dessa faixa etária não possam realizá-lo”, aconselha.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (PNS), divulgada ano passado pelo IBGE, 3,8 milhões de mulheres de 50 a 69 anos nunca realizaram mamografia, o que corresponde a 18,4% da população feminina nessa faixa etária. O maior índice entre as grandes regiões fica no Norte (37,8%), contra 11,9% do Sudeste, que tem a menor taxa.
Em 2016, o Inca estimou 58 mil novos casos de câncer de mama, o que representa quase 10 mil ocorrências a mais que em 2006. Segundo o Dr. Marcelo, a recuperação do câncer de mama não é apenas um tratamento, mas sim um conjunto de modalidades terapêuticas individuais: “O Inca dispõe de técnicas cirúrgicas avançadas que permitem conservar a mama com bons resultados estéticos, além dos equipamentos e técnicas de radioterapia que conseguem, atualmente, atingir apenas a mama e preservar outros órgãos e tecidos adjacentes”.
No que diz respeito ao primeiro diagnóstico, a PNS 2013 mostra que, entre as mulheres com 18 anos ou mais com algum tipo de câncer, 39,1% relataram ter câncer de mama. O Sudeste é a região que mais apresenta esses casos, com um total de 371 mil, seguido pela região Sul, que registrou 110 mil. Apesar de ter maior incidência entre as mulheres, o câncer de mama pode ocorrer em homens. Segundo o Inca, 181 homens morreram com a doença no Brasil, em 2013.
IBGE e Inca engajados nessa causa
A analista do IBGE, Geisa Tavares, descobriu que tinha câncer de mama em 2003, durante exames de rotina: “É muito importante realizar os exames periódicos, porque é grande a quantidade de servidores que não tem plano de saúde e que não podem pagar. Quando o seu local de trabalho oferece essa possibilidade, é a oportunidade que você tem de fazer”. O IBGE tem uma política interna de proteção à saúde do servidor. Os exames preventivos de câncer de mama, como a mamografia, e o Papanicolau, que detecta o câncer de colo de útero, são periodicamente ofertados aos servidores, sem nenhum custo.
Com o apoio do Inca, o IBGE promoverá quatro palestras sobre a prevenção do câncer de mama e do colo do útero para os servidores e contratados, entre os dias 16 e 23 de outubro, no Rio de Janeiro, além da programação ao longo do mês nas unidades estaduais. “A prevenção é importante para não criarmos fantasmas, como se todo diagnóstico de câncer fosse uma sentença de morte. Não é. Tem cura”, ressalta a analista da gerência de Saúde e Segurança do Trabalhador, Ana Paula Argueso.
Texto: Diane Dias e Karina Meirelles (estagiárias), sob supervisão de Pedro Renaux
Imagens e infográfico: Pedro Vidal