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Alfabetização transforma a vida de jovens e adultos pelo Brasil

Editoria: IBGE

08/09/2017 09h00 | Atualizado em 08/09/2017 12h22

Com o objetivo de incentivar a alfabetização em todo o mundo, há 50 anos, no dia 8 de setembro, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) criou o Dia Mundial da Alfabetização. Contudo, mesmo depois de cinco décadas, estima-se que existam, ainda, 738 milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever ao redor do mundo. No Brasil, eram 13 milhões de pessoas nessa condição, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2015).

A PNAD mostra que a taxa de analfabetismo (que é a percentagem das pessoas analfabetas de um grupo etário em relação ao total das pessoas do mesmo grupo) caiu de 11,5%, em 2004, para 8%, em 2015. O analfabetismo concentra-se na região Nordeste, onde a taxa chega a 16,2%, muito superior em relação ao Sul, com 4,1%. E é maior nas faixas de idade mais avançadas: no grupo de 15 a 19 anos, a taxa é de 0,8%, enquanto na faixa de 65 anos ou mais, é de 25,7%.


Uma das soluções para a mudar esse quadro é o Programa de Educação para Jovens e Adultos (Peja), que tem 26.230 alunos só na cidade do Rio de Janeiro, segundo a Secretaria Municipal de Educação. “O público que atendemos no Peja é muito diverso”, disse a diretora do Centro Municipal de Referência em Educação para Jovens e Adultos (Creja), Fatima Valente. Essa diversidade faz com que as turmas atendam necessidades distintas. “Não temos alunos que são trabalhadores, temos trabalhadores que são alunos. Por isso não pode existir uma grade parecida com a do ensino regular”, explicou.

São estes programas que têm possibilitado a mudança na vida de diversas pessoas, como Luciana Muniz, de 35 anos, e Antônio Alves, de 65, alunos do projeto. Luciana afirma que a falta de conhecimento já a fez sentir-se humilhada. “Na igreja não conseguia participar das leituras bíblicas, e isso me deixava triste”. Hoje, ela é mais atuante na igreja, sonha em seguir os estudos e formar-se em gastronomia, inclusive, abrindo sua própria empresa. Já Antônio, que largou a escola para trabalhar na lavoura aos 7 anos, agora não para de estudar. “Também estudo em casa. Minha esposa acha curioso eu não largar os livros. Consigo até ler as letrinhas que passam na televisão”, contou ele.

 

A diretora-adjunta Ana Maria Oliveira (à esquerda), a professora Monica Fajoses, os alunos Luciana Muniz e Antônio Alves, e a diretora Fatima Valente


A professora Monica Fajoses, alfabetizadora do Creja, diz que a cidade do Rio tem muito incentivo para a educação, e menciona o extenso acervo literário da escola. Entretanto, ressaltou que “em municípios menores a realidade é diferente porque há menos investimentos em políticas públicas para a educação de jovens e adultos”.

Para Betina Fresneda, pesquisadora da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, a desigualdade social impacta no acesso à educação e no perfil da população analfabeta. “O acesso à educação dos mais ricos tem se dado em um ritmo mais acelerado do que o dos mais pobres”, concluiu.

Texto: Karina Meirelles, Marina Cardoso e Juney Freire (estagiários), sob supervisão de Adriana Saraiva
Foto: Juney Freire
Imagem: Valberto Cabral