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Brasil ainda não tem cidades sustentáveis

Editoria: Geociências

28/06/2017 10h00 | Atualizado em 31/05/2019 09h32

A análise das condições das moradias e das áreas em que elas estão localizadas, ao longo do território nacional, mostra que o país está longe de ter cidades sustentáveis. A proliferação de ocupações irregulares e de domicílios com infraestrura inadequada são questões que potencializam os problemas dos grandes centros urbanos.

“Em uma área de grande concentração populacional o impacto sobre o urbano proporcionalmente é muito maior do que naqueles com menor número de habitantes, que estão mais distribuídos no espaço”, explica Maria Lúcia Vilarinhos, geógrafa do IBGE.

Essa realidade pode ser melhor compreendida ao se observar os mapas do Atlas Nacional Digital do Brasil 2017, lançada pelo IBGE, que contém um caderno temático sobre "Cidades Sustentáveis".  O caderno tem como base o item onze dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como meta tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.


Banheiro improvisado, em Porto Seguro (BA)

 

Segundo Maria Lúcia, é justamente nas grandes cidades que se tem os maiores percentuais de domicílios adequados, com coleta de lixo e saneamento básico, por exemplo. Porém, também é nesses locais em que se concentram grande quantidade de domicílios com infraestrutura inadequada, problema que é potencializado pelo expressivo número de habitantes que vivem em uma mesma área.

“[Nas grandes cidades], a melhor qualidade convive ao lado da pior. É um fenômeno estrutural brasileiro presente em todo o território. A cidade, ao atrair população, superlota o seu entorno e gera precariedade, por não se tratar de um crescimento planejado. Essa manifestação não é tão preponderante nos municípios menores”, avalia.

Para ela, no Brasil ainda estamos longe de ter cidades sustentáveis. “Mobilidade, acessibilidade, destino do lixo, adequabilidade dos domicílios, democratização do acesso da população à gestão do espaço público e a participação da mulher nas estruturas de poder e de decisão são fatores que mostram que estamos distantes da sustentabilidade minimamente desejável”.

 

 

Texto: Marcelo Benedicto
Imagens: Licia Rubinstein