Inflação fecha 2017 em 2,95% e fica abaixo do piso da meta
10/01/2018 09h00 | Atualizado em 08/02/2018 08h00
Com variação de 0,44% na passagem de novembro para dezembro, a maior alta no ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017 ficou em 2,95%. O índice foi o menor desde 1998, quando o IPCA registrou 1,65%, e foi 3,34 pontos percentuais (p.p.) menor do que os 6,29% de 2016. O resultado ficou abaixo da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional para o país, que era de 4,5% (com tolerância de 1,5 p.p. para mais ou para menos).
Dos nove grupos que compõem o índice, Alimentação e Bebidas (cerca de 25% das despesas das famílias) foi o que mais contribuiu para conter o IPCA, com uma queda acumulada de 1,87% no ano. O resultado decorreu, em grande medida, da baixa de 4,85% no preço dos alimentos consumidos em casa, com destaque para as frutas (-16,52%), que tiveram o maior impacto negativo (-0,19 p.p.) no índice geral de 2017.
De acordo com o gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor, Fernando Gonçalves, a deflação dos alimentos foi consequência da produção agrícola, que teve uma safra cerca de 30% superior a 2016, como demonstram as estimativas de novembro do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), pesquisa também realizada pelo IBGE: “Essa situação levou o consumidor a pagar mais barato (-1,87%) do que no ano anterior. É a primeira vez que o grupo apresenta deflação desde a implementação do Plano Real”, diz Gonçalves.
Três grupos são os principais responsáveis pela inflação do ano
Se os alimentos contribuíram para reduzir a inflação de 2017, Habitação (6,26%), Saúde e Cuidados Pessoais (6,52%) e Transportes (4,10%), foram os grupos que mais influenciaram positivamente o índice de 2017 (2,45 p.p., em 2,95%).
Na Habitação, as principais influências da alta vieram de produtos como o gás de botijão (16%), a taxa de água e esgoto (10,52%) e a energia elétrica (10,35%). De acordo com Gonçalves, essa situação pode ser explicada, em parte, pelo reajuste de 84,31% nas refinarias, que contribuiu para o aumento no preço do gás de cozinha vendido em botijões de 13kg.
A variação nos preços de Saúde e Cuidados Pessoais foi influenciada pelo aumento nas mensalidades dos planos, que ficaram 13,53% mais caros, e dos remédios, que passaram a custar 4,44% a mais. O resultado deve-se ao reajuste concedido pela Agência Nacional de Saúde (ANS), de até 13,55% para os planos de saúde, e pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), de até 4,76%.
A gasolina, com alta de 10,32%, foi o produto que mais subiu entre os Transportes. Além do reajuste nos tributos (PIS/COFINS), foram concedidos 115 reajustes nos preços, com um aumento acumulado de 25,49%, de 3 julho a 28 de dezembro de 2017. Segundo o gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor, “essa variação visa a acompanhar a taxa de câmbio e as cotações internacionais de petróleo e derivados”.
Texto: Pedro Renaux
Arte: Pedro Vidal
Imagem: Pexels