Nossos serviços estão apresentando instabilidade no momento. Algumas informações podem não estar disponíveis.

PIB cai 3,5% em 2015 e registra R$ 6 trilhões

09/11/2017 10h00 | Atualizado em 09/11/2017 15h29

O Produto Interno Bruto (PIB) atingiu R$ 5,996 trilhões em 2015 e a sua queda, em volume, na comparação com 2014, foi revisada de 3,8% para 3,5%.

Os serviços caíram 2,7%, o primeiro resultado negativo na série com início em 1996. A agropecuária cresceu 3,3% e a indústria caiu 5,8%.

O PIB per capita (R$ 29.324) caiu 4,3% em relação a 2014. Foi a maior queda desse indicador na série com início em 1996, sendo que os recuos mais recentes ocorreram em 2014 (-0,4%) 2009 (-1,2%) e 2003 (-0,2%). 

Principais Indicadores 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Produto Interno Bruto (R$ bilhões) 3.886 4.376 4.815 5.332 5.779 5.996
PIB per capita (R$) 19.878 22.171 24.165 26.520 28.498 29.324
PIB (% em volume) 7,5 4,0 1,9 3,0 0,5 -3,5
Despesa de consumo final (% em volume) 5,7 4,2 3,2 3,0 1,9 -2,8
FBCF (% em volume) 17,9 6,8 0,8 5,8 -4,2 -13,9
Taxa de investimento - FBCF/PIB (%) 20,5 20,6 20,7 20,9 19,9 17,8
Remuneração dos empregados/PIB (%) 41,6 42,2 42,8 43,2 43,5 44,6

O consumo das famílias, que representa 62,5% do PIB, caiu 3,2%, a primeira queda desde 2003 (-0,4%).

A taxa de investimento retraiu para 17,8%, uma redução de 3,1 pontos percentuais (p.p.) em relação ao pico de 20,9% (2013) da série histórica 2000-2015.

O setor externo foi o único a contribuir positivamente para o PIB, com crescimento de 6,8% no volume exportado de bens e serviços, e queda de 14,2% nas importações, a maior baixa desde 1999 (-15,1%).

Entre as empresas do setor financeiro, o valor adicionado bruto registrou crescimento nominal de 14,7% e alcançou R$ 363 bilhões. Contribuíram para esse resultado as altas na taxa Selic, de 11,8% para 14,3%, na taxa de juros para pessoas físicas, de 31,2% para 35,7% e na taxa de juros para pessoas jurídicas, de 16,6% para 19,5%.

Essas e outras informações integram o Sistema de Contas Nacionais 2010-2015, que agrega novos dados, mais amplos e detalhados, do próprio IBGE e fontes externas, além de atualizações metodológicas, que revisam os resultados divulgados pelas Contas Nacionais Trimestrais.

A publicação completa pode ser acessada aqui.

Indústria (-5,8%) e serviços (-2,7%) caem, agropecuária cresce 3,3%

Pela ótica da produção, a indústria e os serviços caíram, respectivamente, 5,8% e 2,7%, enquanto a agropecuária cresceu 3,3%. Na composição do PIB por valor adicionado, os serviços representam 72,5%, a indústria 22,5% e a agropecuária 5,0%.

Nos serviços, que registraram a primeira queda da série iniciada em 1996, das sete atividades pesquisadas, apenas a atividade administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social cresceu (+0,2%). O comércio teve queda de 7,3%, influenciado principalmente pela retração nas vendas de produtos industriais. As atividades de comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores e comércio/reparação de veículos automotores e motocicletas, responderam por aproximadamente metade (1,4 p.p.) da queda do valor adicionado bruto dos serviços. 

Na indústria, a construção registrou a maior queda (-9,0%), acompanhada de perda de participação no valor adicionado bruto total da economia para (5,7%) em 2015, contra 6,2% em 2014. O volume de investimento em produtos da construção civil caiu 10,2%, enquanto a indústria de transformação apresentou queda de 8,5%. A indústria extrativa cresceu 5,7%, em volume, puxada pelo aumento de 8,1% na produção de petróleo bruto em 2015.

A agropecuária manteve o desempenho positivo de 2013 (+8,4%) e de 2014 (+2,8%), com destaque para o crescimento da produção de soja em grão (+12,8%) e do milho em grão (+4,3%).

Grupos de atividades Participação no valor adicionado bruto a preços básicos (%)     
2010 2011 2012 2013 2014 2015
                 Total   100,0   100,0   100,0   100,0   100,0   100,0
01 Agropecuária   4,8   5,1   4,9   5,3   5,0   5,0
  Indústria   27,4   27,2   26,0   24,9   23,8   22,5
02 Indústrias extrativas   3,3   4,4   4,5   4,2   3,7   2,1
03 Indústrias de transformação   15,0   13,9   12,6   12,3   12,0   12,2
04 Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos   2,8   2,7   2,4   2,0   1,9   2,4
05 Construção   6,3   6,3   6,5   6,4   6,2   5,7
  Serviços   67,8   67,7   69,1   69,9   71,2   72,5
06 Comércio   12,6   12,9   13,4   13,5   13,6   13,3
07 Transporte, armazenagem e correio   4,3   4,4   4,5   4,5   4,6   4,4
08 Informação e comunicação   3,8   3,7   3,6   3,5   3,4   3,4
09 Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados   6,8   6,4   6,4   6,0   6,4   7,1
10 Atividades imobiliárias   8,3   8,4   8,8   9,2   9,3   9,7
11 Outras atividades de serviços   15,7   15,9   16,5   16,9   17,4   17,4
12 Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social   16,3   16,1   15,9   16,4   16,4   17,2

Queda no consumo das famílias (-3,2%) é o principal impacto negativo

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias, que representa 62,5% do PIB, caiu 3,2%, a primeira queda observada desde 2003 (-0,4%). O consumo do governo também retraiu (-1,4%), a primeira variação negativa desde 2000 (-0,2%). A despesa de consumo final caiu 2,8%. A formação bruta de capital fixo (FBCF), que é composta por construções, máquinas e equipamentos, produtos de propriedade intelectual e outros ativos fixos, caiu 13,9%. Esse resultado influenciou a queda da taxa de investimento (17,8%), uma redução de 3,1% p.p. em relação ao pico de 2013 (20,9%) da série histórica 2000-2015. O setor externo foi o único a contribuir positivamente para o PIB, com crescimento de 6,8% no volume exportado de bens e serviços e queda de 14,2% nas importações, a maior baixa desde 1999 (-15,1%). As exportações foram beneficiadas pela desvalorização de 41,6% na taxa de câmbio.

Pela ótica da renda, a participação da remuneração dos empregados no PIB continuou a crescer, passando de 43,5%, em 2014, para 44,6%, em 2015. A retração da economia teve como consequência a queda de participação do excedente operacional bruto (valor adicionado bruto menos as remunerações dos empregados, o rendimento misto e os impostos líquidos de subsídios incidentes sobre a produção), que passou de 33,1%, em 2014, para 32,1%, em 2015. A participação no PIB dos impostos líquidos de subsídios sobre a produção e a importação ficaram praticamente estáveis, de 14,9%, em 2014, para 15,0%.

Necessidade de financiamento da economia nacional cai 28%

Em 2015, a necessidade líquida de financiamento da economia brasileira registrou R$ 188,7 bilhões, queda de 28% em relação a 2014 (R$ 262,0 bilhões). O resultado foi influenciado pelo desempenho do comércio exterior, já que as exportações de bens e serviços tiveram crescimento nominal de 21,5%, em relação a 2014, enquanto as importações cresceram apenas 6,6%. 

Agregados Macroeconômicos 2010 2011 2012 2013 2014 2015
(milhão R$) (%) (milhão R$) (%) (milhão R$) (%) (milhão R$) (%) (milhão R$) (%) (milhão R$) (%)
Valor adicionado bruto 3.302.840 100,0 3.720.461 100,0 4.094.259 100,0 4.553.760 100,0 4.972.734   5.155.601  
  Empresas não financeiras 1.836.976 55,6 2.102.992 56,5 2.301.347 56,2 2.530.103 55,6 2.755.684 55,4 2.777.948 53,9
  Empresas financeiras 222.761 6,7 237.620 6,4 258.358 6,3 270.196 5,9 316.339 6,4 362.978 7,0
  Governo geral 537.845 16,3 598.059 16,1 652.101 15,9 746.187 16,4 816.808 16,4 885.587 17,2
  Famílias 669.111 20,3 741.634 19,9 837.725 20,5 957.897 21,0 1.032.013 20,8 1.074.849 20,8
  ISFLSF 36.147 1,1 40.156 1,1 44.728 1,1 49.377 1,1 51.890 1,0 54.239 1,1
 
Cap.(+)/Necessidade(-) financ. -149.419   -142.789   -162.348   -179.029   -262.008   -188.741  
  Empresas não financeiras -150.394   -165.612   -158.183   -128.123   -60.744   -2.312  
  Empresas financeiras 82.622   99.284   72.892   90.228   102.849   155.193  
  Governo geral -115.021   -111.114   -111.602   -176.420   -339.637   -464.731  
  Famílias 33.356   34.618   34.513   35.212   35.275   122.965  
  ISFLSF 18   35   31   74   249   144  

Pela primeira vez na série histórica 2000-2015, o excedente operacional bruto das empresas não financeiras teve queda (-4,7%). A baixa foi decorrência da estabilidade do valor adicionado bruto (+0,9%) e do crescimento da remuneração dos empregados (+5,4%). Nesse contexto, o ajuste das contas dessas empresas ocorreu por meio da redução do investimento e dos estoques. Como consequência, também inédita na série histórica, a relação necessidade de financiamento/valor adicionado bruto das empresas não financeiras ficou próxima a zero.

Entre as empresas do setor financeiro, o valor adicionado bruto aumentou 14,7% e registrou R$ 363 bilhões. O crescimento da renda dessas empresas deveu-se às altas na taxa básica de juros (Selic), de 11,8% para 14,3%, na taxa de juros para pessoas físicas, de 31,2% para 35,7% e na taxa de juros para pessoas jurídicas, de 16,6% para 19,5%, 2015 em relação a 2014, o que contribuiu para o aumento da capacidade de financiamento do setor, de R$ 102,9 bilhões, em 2014, para R$ 155,2 bilhões.

A poupança das famílias aumentou 25,2% em relação a 2014, e representou 12,0% da renda disponível. O consumo final das famílias teve queda em termos reais de 3,2%, e seu aumento nominal (+5,4%) foi menor que o da renda disponível (+6,4%). A participação da remuneração na renda disponível das famílias estabilizou em 64,9%, em média, entre 2010 e 2015. No mesmo período, a renda consumida (consumo final das famílias/renda disponível) variou 91,0%.

Em 2015, a produção do governo teve crescimento nominal de 8,4%, um total de R$ 1,2 trilhão, com R$ 322 bilhões de consumo intermediário e R$ 885 bilhões de valor adicionado (8,4% de crescimento nominal em relação a 2014). O resultado ampliou a participação do governo no valor adicionado bruto da economia, de 16,4%, em 2014, para 17,2%.

Como reflexo da situação fiscal do governo, a FBCF caiu, aproximadamente, 20%, de R$ 171 bilhões, em 2014, para R$ 136 bilhões. A queda dos investimentos foi observada em todas as esferas governamentais. Enquanto a receita de impostos líquidos de subsídios sobre a produção e a importação caiu 0,5% em relação ao total tributado pelo governo, a arrecadação sobre a renda e o patrimônio cresceu 0,4%.