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PAC

Ocupação no comércio cresce pelo terceiro ano seguido e chega a 10,5 milhões de pessoas

Editoria: Estatísticas Econômicas | Igor Ferreira e Pedro Renaux | Arte: Claudia Ferreira

07/08/2025 10h00 | Atualizado em 07/08/2025 14h31

  • Destaques

  • O Brasil tinha 10,5 milhões de pessoas ocupadas no comércio formal em 2023, alta de 2,6% (mais 267,8 mil) em relação a 2022. Esse é o segundo maior contingente desde 2007. Frente ao período pré-pandemia, em 2019, houve aumento de 3,5%, acréscimo de 360,3 mil pessoas.
  • O setor varejista respondeu pela maior proporção de empregos do comércio, com 7,7 milhões de trabalhadores, equivalente a 72,7% do total. Já o comércio atacadista empregou dois milhões de pessoas, a maior quantidade desde 2007, representando 18,7%.
  • O contingente de trabalhadores do comércio em 2023 (10,5 milhões) recebeu R$ 352,7 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.
  • Em 2023 existiam 1,5 milhão de empresas comerciais no Brasil, distribuídas em 1,7 milhão de unidades locais. A receita operacional líquida dessas empresas totalizou R$ 7,1 trilhões.
  • O comércio por atacado (49,7%) foi o que apresentou maior participação na receita operacional líquida do setor em 2023, seguido pelo comércio varejista (41,2%) e pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (9,1%).
  • O comércio de veículos automotores foi o que mais perdeu participação no total da receita operacional líquida do comércio, com queda de 2,2 pontos percentuais (p.p.) entre 2014 e 2023.
  • São Paulo (29,2%) puxou a queda da participação do Sudeste no setor comercial entre 2014 e 2023, mas ambos seguiram, respectivamente, com maior receita entre estados e Grandes Regiões.
  • Quantidade de companhias que comercializou pela internet quase dobrou entre 2019 e 2023, passando de 1,9 mil para 3,7 mil empresas.
A atividade de Hiper e supermercados apresentou a maior proporção de pessoas ocupadas (15,1%) no setor varejista em 2023 - Foto: Acervo IBGE

Em 2023 havia 1,5 milhão de empresas comerciais no Brasil, responsáveis pela ocupação de 10,5 milhões de pessoas e abrangendo 1,7 milhão de unidades locais. Comparada a 2022, a ocupação teve alta de 2,6% (mais 267,8 mil pessoas), terceiro ano seguido de crescimento. Frente a 2014, no entanto, ocorreu queda de 0,8% (menos 88,0 mil) e, em relação a 2019, pré-pandemia, houve expansão de 3,5% (mais 360,3 mil). O contingente de trabalhadores em 2023 recebeu R$ 352,7 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Já a receita operacional líquida gerada pelas empresas comerciais totalizou R$ 7,1 trilhões. Os dados são da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), divulgada hoje (7) pelo IBGE.

A PAC fornece, desde 2007, um panorama detalhado das características estruturais do segmento empresarial da atividade de comércio no Brasil, investigando os seguintes temas: caracterização do faturamento das empresas comerciais, estrutura da margem de comercialização, concentração de mercado, perfil do emprego do setor de comércio, e estrutura das empresas comerciais nas Grandes Regiões e suas respectivas unidades da federação.

O setor varejista respondeu pela maior proporção de empregos do comércio, com 7,7 milhões de trabalhadores, equivalente a 72,7% do total. Entre as atividades do varejo com alta na ocupação entre 2014 e 2023, destaque para hiper e supermercados, que teve a maior proporção de pessoas ocupadas (15,1%), e aumentou a quantidade de trabalhadores em 30,6% (mais 372,3 mil pessoas). Outro destaque do setor varejista é o comércio de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos, com alta de 21,3%, o que corresponde a mais 162,2 mil pessoas ocupadas nesse período de 10 anos.

Segundo o gerente de análise estrutural do IBGE, Marcelo Miranda, o perfil do negócio explica o aumento na ocupação da atividade de hiper e supermercados. “Hiper e supermercados demandam uma grande força de trabalho para atender às diversas necessidades de operação, como escala de produtos, logística e distribuição, até o atendimento ao cliente”, diz ele.

Além das altas mais intensas, o setor varejista teve as quedas mais expressivas na ocupação entre 2014 e 2023. Venda de tecidos, vestuário, calçados e armarinho reduziu em 332,9 mil pessoas (-24,6%), enquanto atividades de informática, comunicação e artigos de uso doméstico perdeu 136,5 mil trabalhadores (-13,1%), e produtos alimentícios, bebidas e fumo teve menos 118,9 mil pessoas (-9,4%).

O comércio atacadista empregou dois milhões de pessoas, a maior quantidade desde 2007, representando 18,7% do total. Nos últimos 10 anos, a atividade com maior alta na ocupação foi a de produtos alimentícios, bebidas e fumo, que empregou mais 39,3 mil pessoas (9,2%), o que contribuiu para o recorde na ocupação no setor atacadista, de acordo com Miranda.

Já o setor de venda de veículos, peças e motocicletas ocupou 902,9 mil trabalhadores em 2023, equivalente a 8,6% do total de ocupados.

Comércio pagava em média dois salários mínimos, repetindo o maior valor da série histórica

Empresas comerciais pagaram uma média de dois salários mínimos (s.m.) em 2023, repetindo o resultado de 2022, que foi o maior valor desde 2007. O setor de atacado liderou com o maior salário médio (2,9 s.m.), seguido pelo comércio de motocicletas, peças e veículos (2,1 s.m.) e pelo comércio varejista (1,7 s.m.). Na comparação com 2014, apenas comércio de veículos, peças e motocicletas teve queda (-0,3 s.m), enquanto os outros dois setores mantiveram o valor médio.

Apesar de o comércio varejista ocupar mais pessoas, os maiores salários em média eram pagos no atacado. Nesse setor, destaque para venda de combustíveis e lubrificantes (4,6 s.m.), que apresentou a maior queda nos últimos 10 anos (-1,7 s.m.); máquinas, aparelhos e equipamentos, inclusive TI e comunicação (4,3 s.m.); e produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos, ortopédicos, material de escritório, papelaria e artigos de uso doméstico (4,0 s.m.), cujo salário médio foi o que mais aumentou no período (+0,4 s.m). Já os menores salários ficaram com as atividades de representantes e agentes do comércio do setor atacadista (1,2 s.m.), e de comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3 s.m.) e varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho (1,6 s.m.).

Enquanto o salário médio nacional foi de 2,0 s.m. em 2023, no Sudeste o valor foi maior (2,1 s.m.), enquanto no Sul a remuneração (2,0 s.m.) foi idêntica à média nacional. Já as regiões Centro-Oeste (1,9 s.m.), Norte (1,7 s.m.) e Nordeste (1,5 s.m.) ofereciam salários abaixo da média. Nos últimos 10 anos, empresas comerciais no Sul e Centro-Oeste aumentaram o salário médio em 0,1 s.m., enquanto no Norte a redução foi de 0,1 s.m.

Liderada pelo comércio por atacado, receita líquida do setor comercial foi de R$ 7,1 trilhões em 2023

As empresas comerciais do país registraram, em 2023, uma receita bruta de R$ 7,7 trilhões. Desse montante, R$ 685,6 bilhões foram provenientes do comércio de veículos, peças e motocicletas, R$ 3,8 trilhões do comércio por atacado, e R$ 3,2 trilhões do comércio varejista. Descontados os impostos sobre vendas, vendas canceladas, descontos incondicionais, abatimentos e outras contribuições, a receita operacional líquida do setor foi de R$ 7,1 trilhões. Vale lembrar que os valores monetários mencionados na pesquisa correspondem a preços correntes de 2023.

O comércio por atacado (49,7%) foi o que mais contribuiu com geração de receita líquida, seguido pelo comércio varejista (41,2%) e pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (9,1%). De 2014 a 2023, o varejo apresentou a maior redução de representatividade, com perda de 3,4 pontos percentuais (p.p.). Por outro lado, o resultado positivo do setor em 2023 encerrou uma sequência de cinco anos seguidos com perda de participação. O comércio de veículos, peças e motocicletas perdeu 2,6 p.p., enquanto o comércio por atacado avançou 5,9 p.p. em 10 anos.

Três dos 22 segmentos do setor comercial geraram a maior parte da receita operacional líquida em 2023: comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes (11,8%), que cresceu 1,3 p.p. nos últimos 10 anos e foi a atividade mais representativa no ano; hipermercados e supermercados (11,6%), que figurou na primeira posição do ranking de participação em 2014 e na segunda em 2023; e comércio por atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo (8,5%), que foi a quarta atividade mais relevante em 2014 e a terceira em 2023.

O agrupamento que mais cresceu em termos de participação de receita, entre 2014 e 2023, foi o comércio por atacado de matérias-primas agrícolas e animais vivos (3,2 p.p.), subindo nove posições no ranking de representatividade ao passar do 15º para o 6º lugar da lista. No sentido oposto, o comércio de veículos automotores (-2,2 p.p.) foi a atividade que mais perdeu participação em 10 anos, caindo da terceira para a sétima posição. Já na comparação com o período pré-pandemia, hipermercados e supermercados se destacou por ter sido o segmento com a maior perda em participação de receita operacional líquida (-1,3 p.p.).

Taxas de margem de comercialização e de concentração de mercado diminuíram em 10 anos

A margem de comercialização, que representa a diferença entre a receita líquida de revenda (maior parcela da receita operacional líquida proveniente da venda de mercadorias) e o custo das mercadorias vendidas, totalizou R$ 1,6 trilhão em 2023. A maior parte desse valor veio do comércio varejista (52,4%), seguido pelo comércio por atacado (40,0%) e pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (7,6%).

Nos últimos 10 anos, a taxa de margem de comercialização, que mede a capacidade de um determinado setor em aumentar sua receita de vendas acima dos custos de aquisição e da variação do estoque, caiu de 30,6% para 29,0%. No mesmo período, as margens do comércio varejista (de 39,4% para 39,1%) e do comércio por atacado (de 25,1% para 22,5%) recuaram. Já o comércio de veículos, peças e motocicletas seguiu direção oposta, saindo de 20,3% para 23,4% de taxa de margem de comercialização.

Dos 22 agrupamentos de atividades que compõem o setor de comércio, as maiores taxas de margem de comercialização encontravam-se no comércio varejista. O comércio varejista de artigos culturais, recreativos e esportivos cresceu 23,6 p.p., maior incremento desde 2014 dentre todas as atividades, com taxa de margem de 84,9% em 2023. Em seguida, apareceu o comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho (83,0%), cujo aumento da taxa foi de 1,7 p.p., enquanto a terceira posição neste ranking ficou com o comércio varejista de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos (62,8%), que expandiu sua taxa de margem em 4,6 p.p.

Em contraste, as três menores taxas de margem de comercialização foram das seguintes atividades: comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes, com taxa de 6,5% (perda de 1,4 p.p. entre 2014 e 2023); comércio por atacado de matérias-primas agrícolas e animais vivos, com 11,9% de taxa (perda de 3,0 p.p.); e comércio de veículos automotores, com 14,3% (ganho de 2,1 p.p.). Já a maior perda da taxa de margem ficou com o comércio por atacado de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos, ortopédicos, material de escritório, papelaria e artigos de uso doméstico, que passou de 57,6% para 50,4% em 10 anos.

Quanto à concentração de mercado, medida pelo indicador R8 (quanto maior o R8, maior é a concentração no setor, segmento ou agrupamento de atividades), a pesquisa mostrou que houve redução em seu valor. As oito maiores empresas do setor comercial passaram de 10,2% de representatividade em 2014 para 9,3% em 2023.

No comércio varejista o R8 foi de 10,0% em 2023, aumento de 1,3 p.p. no intervalo de 10 anos. Embora o setor, em geral, apresente baixa concentração, o comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico se destacou entre as três maiores do comércio, com um indicador de 41,2%.

O comércio por atacado (16,0%), ao contrário, teve queda de 4,6 p.p. no seu R8 em 2023, comparado a 2014. Duas das três atividades de maior valor do indicador, dentre as 22 analisadas, eram do segmento de atacado: comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes, com o maior R8 (56,6%); e comércio por atacado de mercadorias em geral, com R8 de 34,0%. Vale ressaltar, porém, que o comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes apresentou queda de 17,7 p.p., maior diminuição em relação a 2014.

Sudeste perde participação no comércio em 10 anos, mas segue com maior receita bruta

O Sudeste foi responsável por 48,9% da receita bruta de revenda em 2023, mas essa participação diminuiu frente a 2014, quando detinha 51,6%. Essa perda na participação foi absorvida principalmente pelas regiões Sul, que passou de 19,7% para 20,9%, e Centro-Oeste, que cresceu de 9,7% para 11,4%, nesses últimos 10 anos.

O setor comercial no Sudeste empregava um total de 5,2 milhões de pessoas em 2013, uma queda de 4,1% frente a 2014, o que representa menos 223,4 mil pessoas ocupadas. O Nordeste tinha 1,9 milhão de trabalhadores ocupados, mas também enfrentou queda na ocupação, com a saída de cinco mil profissionais. Já o Centro-Oeste terminou 2023 com 947,5 mil profissionais no comércio, e foi a região com maior alta em termos absolutos, 6,5%, ou mais 57,5 mil pessoas ocupadas. A Região Norte tinha 378,9 mil trabalhadores no comércio, após aumento de 13,4% ou 44,9 mil empregados entre 2014 e 2023. O Sul ganhou 38,0 mil pessoas (aumento de 1,8%) no mesmo período, chegando a 2,1 milhões de pessoas empregadas no comércio formal.

O comércio por atacado predominou em 13 unidades da federação, incluindo as três da Região Sul, enquanto nas outras 14 o comércio varejista teve mais peso em 2023. Nos últimos 10 anos, o Amazonas passou a ter comércio varejista como o de maior relevância em termos de receita, enquanto Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul tiveram um movimento inverso.

São Paulo continuou sendo o estado mais representativo do setor comercial em termos financeiros, com 29,2% da receita bruta do país. No entanto, nos últimos 10 anos, perdeu espaço, com uma queda de 2,2 p.p. entre 2014 e 2023, a maior redução entre as unidades da federação. Minas Gerais manteve-se como a segunda mais importante, com 10,0% do total.

Rio de Janeiro, que em 2014 era o terceiro estado com maior representação, teve uma queda de 2,1 p.p. e, em 2023, caiu à sexta posição, com 6,2% de participação, sendo o estado que mais perdeu posições no ranking de relevância da receita bruta entre 2014 e 2023. Paraná (8,1%), Rio Grande do Sul (6,5%) e Santa Catarina (6,4%), que formam a região Sul, ultrapassaram o Rio de Janeiro nesse ranking. Já o Mato Grosso foi o estado que mais ganhou participação, passando de 2,9% em 2014 para 4,3% em 2023, e saiu da décima para a sétima posição.

Número de empresas que comercializam pela internet quase dobra em quatro anos

A quantidade de companhias que comercializou pela internet cresceu 97,6% entre 2019 e 2023, passando de 1,9 mil para 3,7 mil empresas. Os dados de vendas pela internet da PAC contemplam apenas empresas com 20 ou mais pessoas ocupadas ou com um nível elevado de receita de acordo com a atividade.

No setor varejista, a proporção de empresas que realizaram algum tipo de comercialização pela internet saltou de 4,7% em 2019 para 8,6% em 2023. As atividades varejistas que comercializavam pela internet em 2023 com maior participação eram comércio de informática, comunicação e artigos de uso doméstico (19,7%), material de construção (17,6%); tecidos, vestuário, calçados e armarinho (15,9%), e produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos (13,8%).

A participação da receita bruta do varejo comercializado pela internet passou de 5,3% em 2019 e para 8,8% em 2023. No entanto, houve queda em relação a 2022, quando a participação foi de 9,1%.

As atividades com maiores ganhos de participação na receita bruta via internet, entre 2019 e 2023, foram comércio varejista de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos (4,3 p.p.) e hiper e supermercados (2,4 p.p.). Essas duas atividades representaram, respectivamente, 9,1% e 7,3% do total de receita gerada pelo setor comercial na internet em 2023. Já o comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho foi o que mais perdeu espaço (-3,0 p.p.) entre 2019 e 2023, enquanto o comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico permanece com a maior parte dessas receitas (61,4%) apesar da queda de 2,8 p.p.

O comércio de informática, comunicação e artigos de uso doméstico teve 38,5% da receita gerada pela internet, a maior proporção de vendas online entre todas as atividades. Comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho, que em 2019 tinha apenas 8,8% de suas receitas pela internet, passou a 13,4% em 2023, enquanto o comércio varejista de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos quase triplicou, com participação de vendas online subindo de 2,8% para 7,9% no mesmo período.

O gerente de análise estrutural do IBGE lembra que a pesquisa retrata como a pandemia influenciou a mudança de patamar no volume de receitas via internet. “Era natural que as pessoas voltassem a comprar mais nas lojas físicas com o fim do isolamento social, mas a adaptação das empresas ao comércio online e os novos hábitos de consumo durante a pandemia elevaram o patamar de receitas por esse canal que se sustenta até 2023”, diz Miranda.