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IPP

 Preços da indústria caem 1,25% em junho, quinto resultado negativo consecutivo

Editoria: Estatísticas Econômicas | Breno Siqueira

07/08/2025 09h00 | Atualizado em 07/08/2025 09h13

O setor de alimentos (-3,43%), influenciado pela queda em abate e fabricação de produtos de carne, contribuiu para o desempenho negativo da indústria em junho - Foto: Jonathan Campos/AEN

Os preços da indústria nacional registraram queda de 1,25% em junho frente a maio (-1,21%), quinta taxa negativa consecutiva após uma série de 12 resultados positivos em sequência, entre fevereiro de 2024 e janeiro de 2025.  O Índice de Preços ao Produtor (IPP), assim, apresentou alta de 3,24% em 12 meses e o acumulado no ano ficou em -3,11%, segundo menor resultado já registrado para um mês de junho desde o início da série histórica, em 2014. Em junho de 2024, a variação mensal foi de 1,26%. Os dados foram divulgados hoje (7) pelo IBGE.

O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas.

Em junho de 2025, 13 das 24 atividades industriais pesquisadas tiveram variações negativas de preço quando comparadas ao mês anterior, acompanhando a variação do índice na indústria geral. Em maio deste ano, 17 atividades haviam apresentado menores preços médios em relação a abril.

“Alguns pontos podem ajudar a explicar essa sequência de resultados negativos, assim como o acumulado negativo no ano. Um deles seria a taxa do dólar, que vem apresentando quedas (em junho, por exemplo, foi de 2,1% e já acumula uma desvalorização, frente ao real, de 9,0% em 2025); outro ponto seria a cotação mais baixa de algumas commodities no mercado internacional, como o petróleo e os minérios de ferro, que acaba sendo acompanhada pelos preços dos produtos brasileiros e também se espalha por diversos outros setores da indústria, diminuindo os custos de produção”, destaca Murilo Alvim, gerente do IPP.

Em termos de variação, alimentos (-3,43%); refino de petróleo e biocombustíveis (-2,53%); farmacêutica (2,23%); e produtos de metal (-1,85%) foram os destaques em junho.

O setor de alimentos foi o de maior destaque na composição do resultado agregado, na comparação entre os preços de junho e os de maio. A atividade foi responsável por -0,88 ponto percentual (p.p.) de influência na variação de -1,25% da indústria geral. Ainda neste quesito, outras atividades que também sobressaíram foram refino de petróleo e biocombustíveis, com -0,25 p.p. de influência, metalurgia (-0,07 p.p.) e farmacêutica (0,06 p.p.).

“Um dos destaques para a queda nesta atividade é o grupo de abate e fabricação de produtos de carne, com uma queda de 4,34% em junho, justificada, em grande parte, pelos menores preços das carnes de aves. Estes produtos estão com excesso de oferta do mercado interno, como consequência de restrições externas aos produtos brasileiros por conta da gripe aviária, que atingiu algumas áreas produtoras. Outro destaque é o grupo de fabricação e refino de açúcar, com uma queda de 6,84% em junho, ainda em linha com o período de safra da cana e aumento da oferta global dos produtos, com clima favorável em outros grandes países produtores, como a Índia e Tailândia, e consequente queda nos preços internacionais, que, novamente, é intensificada pela depreciação do dólar”, explica Murilo.  

 

De maio para junho de 2025, refino de petróleo e biocombustíveis (-2,53%) teve a segunda principal influência (-0,25 p.p.) no desempenho negativo da indústria. Trata-se do quarto mês seguido em queda, porém menos intensa do que a observada em maio (-2,77%). Com isso, tanto o acumulado no ano (-5,43%) quanto o acumulado em 12 meses (-1,99%) ficaram no campo negativo. No caso deste último, isso não acontecia desde novembro de 2024 (-3,42%).

“No caso do setor de refino de petróleo e biocombustíveis, a variação está relacionada a menores custos de fabricação. A principal matéria-prima utilizada no setor, que é o petróleo, vem apresentando seguidas quedas de preços que fazem com que a commodity tenha acumulado retrações tanto no ano quanto no acumulado em 12 meses, apesar da alta pontual observada em junho, muito por conta de conflitos ocorridos no mês em países produtores e em regiões que servem como rota de transporte do petróleo, como o Estreito de Ormuz”, explica o gerente.

Metalurgia (-1,07%), segmento com o quinto maior peso no cálculo do IPP, registrou o sexto resultado negativo consecutivo no indicador mensal, sendo a terceira principal influência no resultado geral da indústria (-0,07 p.p. em -1,25%). Com isso, no primeiro semestre de 2025, a atividade acumulou uma retração de 9,52%, a segunda variação mais intensa e terceira principal influência (-0,66 p.p. em -3,11%) neste indicador.

“A queda no setor de metalurgia foi influenciada, principalmente, pelos menores preços dos produtos do grupo de siderurgia, que apresentou um recuo no mês de 1,85%, também relacionado a menores custos, já que os minérios de ferro, principal matéria-prima do aço, apresentou redução de preços não só no mês, mas também no acumulado no ano e no acumulado em 12 meses, acompanhando a cotação no mercado internacional”, observa Murilo. 

Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços observada na passagem de maio para junho de 2025 repercutiu da seguinte forma: -0,46% de variação em bens de capital; -0,98% em bens intermediários; e -1,78% em bens de consumo, sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis foi de -0,04%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis foi de -2,11%.

Os bens de consumo (-0,68 p.p.) foram os que mais influenciaram o IPP em junho. Segundo o gerente da pesquisa, é possível perceber “que quem mais impactou o resultado foram os bens de consumo semiduráveis e não duráveis, que recuaram 2,11% no mês. E aqui os principais responsáveis são os mesmos produtos que mais impactaram os resultados das atividades de alimentos e de refino de petróleo e biocombustíveis, como as carnes, o café, a gasolina e o álcool”.

Saiba mais sobre o IPP

O IPP acompanha a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, e sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país. Trata-se de um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.

A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Cerca de 6 mil preços são coletados mensalmente. As tabelas completas do IPP estão disponíveis no Sidra. A próxima divulgação do IPP, referente a julho, será em 5 de setembro.