Síntese de Indicadores Sociais
Novos recortes geográficos do IBGE detalham desigualdades do país em 2023
04/12/2024 10h00 | Atualizado em 05/12/2024 14h54
Destaques
- IBGE disponibiliza um novo estudo experimental, com dados para 7 indicadores segundo 146 estratos geográficos, recorte composto por municípios contíguos, dentro da mesma unidade da federação, com alguma similaridade ou relação entre si.
- A maior parte da população brasileira que vivia abaixo da linha de pobreza em 2023 morava em estratos geográficos que abrangiam as regiões Norte e Nordeste, com destaques para os Arcos Metropolitanos. Os estratos com maiores proporções de pobres foram Vale do Rio Purus (AM), com 66,6%, Litoral e Baixada Maranhense, com 63,8%, e Entorno Metropolitano de Manaus (AM), com 62,3%, acima da média nacional (27,4%).
- O nível de ocupação no Brasil, que era de 57,6% em 2023, tendeu a ser menor no Nordeste. Os menores valores foram encontrados nos seguintes estratos geográficos: Agreste do Rio Grande do Norte, com 37,6%; Litoral e Baixada Maranhense, com 38,9%; Litoral Sul e Agreste de Alagoas, com 41,0%; e Leste Maranhense, também com 41,0%.
- O acesso a esgotamento sanitário adequado era desigual no país em 2023. Havia estratos geográficos de todas as Grandes Regiões entre os piores indicadores nesse quesito (até 57,7% das pessoas com acesso a esgotamento adequado), mas principalmente no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
- Existia desigualdade no acesso a esgotamento sanitário adequado também, por exemplo, nos Arcos Metropolitanos, com indicadores entre os piores no Entorno Metropolitano de Goiânia, com 46,0%, e Integrada de Brasília, em Goiás, com 36,3%. Já outros Arcos Metropolitanos mostraram valores acima de 90%, como o Entorno Metropolitano Oriental (SP - Capital), com 93,9%, e o Arco Metropolitano de Nova Iguaçu (RJ), com 93,4%.
O IBGE disponibiliza hoje (4), como parte da divulgação da Síntese de Indicadores Sociais 2024, uma nova análise das condições de vida dos brasileiros em 2023 segundo estratos geográficos. Trata-se de um estudo experimental, com dados para sete indicadores selecionados, abarcando os temas trabalho, renda, moradia e educação, em um recorte mais granular do território nacional. Foram determinados 146 estratos, compostos por municípios contíguos, dentro da mesma unidade da federação, com alguma similaridade ou relação entre si, permitindo a elaboração de estimativas com precisão estatística que ultrapassa o limite do município da capital, até então o menor recorte territorial considerado em um levantamento por amostragem domiciliar.
A publicação destacou sete indicadores para análises por meio de cartogramas: nível de ocupação das pessoas de 14 anos de idade ou mais; taxa de desocupação das pessoas de 14 anos de idade ou mais; proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita abaixo de US$ 6,85 por dia em paridade do poder de compra (PPC); proporção de pessoas vivendo em domicílios com esgotamento por rede coletora ou pluvial; proporção de pessoas vivendo em domicílios com máquina de lavar roupa; proporção de pessoas vivendo em domicílios com acesso à internet; e proporção de pessoas de 18 anos de idade ou mais com no mínimo 12 anos de estudo.
Leia também as notícias sobre os dados de pobreza e educação e saúde disponíveis na SIS 2024.
Em 2023, maioria dos brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza residia em Arcos Metropolitanos e no interior das regiões Norte e Nordeste
Em 2023, no Brasil, 27,4% da população tinha rendimento domiciliar per capita abaixo de US$ 6,85 por dia em paridade de poder de compra, valor definido pelo Banco Mundial para a linha de pobreza de países com renda média-alta. As proporções mais altas de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza foram identificadas nos estratos que abarcam Arcos Metropolitanos e o interior das regiões Norte e Nordeste. Os estratos com maiores valores foram: Vale do Rio Purus (AM), com 66,6%; Litoral e Baixada Maranhense, com 63,8%; e Entorno Metropolitano de Manaus (AM), com 62,3%, acima da média nacional (27,4%).
Nas demais regiões do país, destacaram-se o entorno de Cuiabá (MT), Brasília (DF) e Rio de Janeiro (RJ), com proporções de pobres na terceira faixa, de um total de quatro (entre 27,4% e 48,8%), nos seguintes locais: Entorno Metropolitano de Cuiabá (MT), com 29,9%; Integrada de Brasília em Goiás, com 27,6%; e Arco Metropolitano de Nova Iguaçu (RJ), com 33,9%.
“O detalhamento por estratos permite ver a desigualdade regional, uma vez que os dados por unidades da federação colocaram todas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste dentro dos menores valores encontrados”, observa Leonardo Athias, gerente da SIS.
Já o nível de ocupação no Brasil, que era de 57,6% em 2023, “tendeu a ser menor no Nordeste, inclusive em muitas de suas capitais, quando comparado com partes do Norte e as outras regiões”, explica Leonardo. Os menores valores foram encontrados nos seguintes estratos: Agreste do Rio Grande do Norte, com 37,6%; Litoral e Baixada Maranhense, com 38,9%; Litoral Sul e Agreste de Alagoas, com 41,0%; e Leste Maranhense, também com 41,0%.
Os estratos no quarto mais alto da distribuição (com nível de ocupação entre 62,6% e 70,3%) correspondiam às capitais da Região Centro-Oeste – exceto Brasília (Distrito Federal) –, na totalidade de Mato Grosso do Sul, em partes das regiões Sul e Sudeste, e no Sudeste Paraense.
O índice de acesso adequado a esgotamento sanitário (acesso domiciliar a esgotamento por rede coletora ou pluvial) também chamou atenção. Em 2023, 67,9% de pessoas viviam nessas condições. As desigualdades regionais mais uma vez aparecem quando se nota que havia estratos com os piores indicadores (até 57,7% das pessoas com acesso a esgotamento adequado) em todas as regiões do país, mas concentradas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, inclusive abrangendo algumas capitais: Teresina (PI), com 18,1%; Macapá (AP), com 33,6%; Porto Velho (RO), com 48,3%; e Belém (PA), com 52,9%.
As desigualdades também estavam em regiões populosas, como os Arcos Metropolitanos, por exemplo, com indicadores entre os piores no Entorno Metropolitano de Goiânia, com 46,0%, e Integrada de Brasília em Goiás, com 36,3%. Já outros Arcos Metropolitanos mostraram valores acima de 90%, como o Entorno Metropolitano Oriental (SP - Capital), com 93,9%, e o Arco Metropolitano de Nova Iguaçu (RJ), com 93,4%.
Em metade dos estratos de municípios, menos de 71,1% dos jovens entre 18 e 29 anos tinham no mínimo 12 anos de estudo
Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) consiste em elevar o nível de instrução de jovens com idade de 18 a 29 anos para, no mínimo, 12 anos de estudo até 2024, reduzindo as desigualdades regionais, por cor ou raça, entre moradores de áreas urbanas e rurais, e para as pessoas com menores rendimentos (situação de pobreza). Dados de 2023, quando havia 73,1% dos jovens de 18 a 29 anos de idade com 12 anos de estudo ou mais, mostraram avanços em relação ao início da medição, pois eram 63,5% em 2016.
Regionalmente, 50,0% dos estratos de municípios apresentaram médias abaixo de 71,1% e estavam bastante espalhados no território, abrangendo as cinco regiões do país. Nas categorias com menores valores (abaixo de 63,5% de pessoas com pelo menos 12 anos de estudo), foram identificados estratos nas regiões Norte e Nordeste, dois estratos no Sul, algumas partes em Mato Grosso do Sul, no Colar Metropolitano de Florianópolis (SC), e no Centro e Sul Oriental do Paraná.
Habitantes do Norte e Nordeste eram os que menos tinham máquina de lavar e, no Norte, acesso à internet ficou abaixo da média nacional
Os estratos geográficos com os piores indicadores no acesso à máquina de lavar, ou seja, até 73,9% da população vivendo em domicílios com esse bem durável, estavam concentrados no Norte e Nordeste, estando presentes também em parte de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em todo o Brasil, as capitais tenderam a apresentar maior acesso à máquina de lavar em comparação com os estratos do Arco Metropolitano ou interior. Os estratos com menores proporções se encontravam no interior das regiões Norte e Nordeste: Litoral e Baixada Maranhense (17,6%); Litoral Norte e Mata de Alagoas (22,0%); e Sertão de Alagoas (22,9%), frente a uma média nacional de 70,8%. Por outro lado, Santa Catarina concentrou os estratos com maiores proporções: Litoral Norte e Planalto Norte Catarinense, e Entorno Metropolitano de Florianópolis (SC), ambos com 97,0%, e Florianópolis (SC), com 96,2%.
A parcela da população vivendo em domicílios com acesso à internet no Brasil era de 92,4% em 2023. A análise por unidades da federação indicou valores mínimos, de 86,2% para o Maranhão e 87,0% para o Amazonas. Por sua vez, a observação por estratos mostrou mínimos abaixo de 75% em estratos da Região Norte, como Vale do Rio Madeira/Nhamundá (AM), com 71,6%, Acre exceto Rio Branco, com 73,7%, e Vale do Rio Purus (AM), com 74,6%. As menores proporções estavam no interior do Norte e Nordeste, ao mesmo tempo em que outros estratos, dentre as 50% menores proporções, também foram encontrados no interior da Região Sul (fronteira oeste), partes de Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Mais sobre a pesquisa
A Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2024, apresenta um conjunto de informações relacionadas à realidade social do país: estrutura econômica e mercado de trabalho; padrão de vida e distribuição de rendimentos (incluindo linhas de pobreza); condições de moradia; educação; e condições de saúde.
Nesta edição foram apresentadas novas análises, como a de indicadores de condições de vida segundo estratos geográficos, que os abordam de forma mais granular no território; as de condições de moradia segundo situação de pobreza monetária; entre outras.