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Produção pecuária

Abate de bovinos cai 8,5% em 2020 e cresce o de suínos e frangos

Editoria: Estatísticas Econômicas | Caio Belandi | Arte: Helena Pontes

18/03/2021 09h00 | Atualizado em 28/04/2021 09h20

Após três anos de crescimento, número de bovinos abatidos em 2020 caiu 8,5% - Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

O número de bovinos abatidos em 2020 caiu 8,5% em comparação com 2019. No total, foram 29,7 milhões de cabeças abatidas sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária federal, estadual ou municipal. A queda acontece após três anos de crescimento. Com isso, o resultado volta ao patamar de 2016 (29,7 milhões). Em 2017 foram 30,8 milhões; em 2018, 32 milhões; e em 2019, foram abatidas 32,4 milhões de cabeças bovinas.

O único mês de 2020 com alta frente a 2019 foi junho, com 68,6 mil cabeças a mais que no mesmo mês do ano anterior, enquanto a queda mais intensa foi verificada em abril (menos 382,6 mil cabeças). Os dados são da Estatística da Produção Pecuária, divulgada hoje (18) pelo IBGE.

“Estamos no chamado ciclo de alta na bovinocultura após um período de baixa. A arroba subiu de preço, o bezerro, um dos principais insumos de produção, está escasso e valorizado. Isso quer dizer que quem tem fêmea, retém para criação de mais bezerros”, explica o supervisor da pesquisa, Bernardo Viscardi.

Apesar da redução no abate, as exportações de carne bovina in natura alcançaram um patamar inédito em 2020, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia. A desvalorização do Real torna a carne brasileira mais competitiva no mercado externo. Para frigoríficos que exportam é uma vantagem, porém essa não é a realidade da maioria dos estabelecimentos brasileiros”, completa Viscardi.

No 4º trimestre de 2020, foram abatidas 7,3 milhões de cabeças bovinas, queda de 9,6% frente ao mesmo período de 2019, o que significa o pior 4° trimestre desde 2010. Além disso, o resultado é 5,5% menor que o 3º tri de 2020.

A pesquisa mostra que em termos estaduais, 24 das 27 unidades da federação apresentaram queda, sendo as mais expressivas no Mato Grosso (menos 573,6 mil cabeças), no Mato Grosso do Sul (menos 346,1 mil cabeças), na Bahia (menos 237,2 mil cabeças) e em Goiás (menos 220,3 mil cabeças). O único estado com mais de 1% de participação no abate bovino a apresentar alta foi Santa Catarina (mais 59,5 mil cabeças). Ainda assim, Mato Grosso continua liderando o ranking do abate de bovinos, com 17,1% da participação nacional, seguido por Mato Grosso do Sul (10,9%) e São Paulo (10,5%).

Abate de frangos e suínos segue subindo e alcança níveis recordes

Por outro lado, a pesquisa do IBGE mostra que, em 2020, o abate de frangos e suínos seguiu a tendência de alta. Com aumento desde 2005, o abate de suínos cresceu 6,4% em 2020, totalizando 49,3 milhões de cabeças abatidas, o que representa um novo recorde. Desde 1997, início da série histórica, somente na passagem de 2003 para 2004 não houve crescimento da atividade. Houve alta em todos os meses no confronto de 2020 com 2019, sendo que a maior foi em junho (mais 568,3 mil cabeças).

Só no 4º trimestre de 2020, foram abatidas 12,50 milhões de cabeças de suínos, aumento de 4,9% frente ao mesmo período de 2019, resultado que é o melhor 4° trimestre da série histórica (1997).

Viscardi explica que 2020 apresentou exportações recordes da carne suína in natura, já que o mercado externo demandou bastante, em grande parte, por conta da Peste Suína Africana que reduziu consideravelmente o rebanho chinês. “E, no mercado interno, a carne suína é uma das alternativas à carne bovina, contribuindo para o resultado recorde do abate”, complementa o analista.

Entre os estados, houve alta em 11 das 25 unidades da federação que fazem parte da pesquisa, com destaque para Santa Catarina (mais 1,68 milhão de cabeças), Paraná (mais 727,7 mil cabeças), Minas Gerais (mais 275,7 mil cabeças), Mato Grosso do Sul (mais 207,7 mil cabeças) e Mato Grosso (mais 187,1 mil cabeças). As principais quedas foram no Rio Grande do Sul (menos 79,0 mil cabeças), em Goiás (menos 34,6 mil cabeças) e em São Paulo (menos 4,4 mil cabeças). O estado de Santa Catarina foi o líder no abate de suínos em 2020, com 28,8% do abate nacional, seguido por Paraná (20,2%) e Rio Grande do Sul (16,9%).

Já o abate de frangos cresceu 3,3% e chegou a 6 bilhões de cabeças, novo recorde da série histórica. Comparando os meses de 2020 e 2019, houve reduções em maio (menos 29 milhões de cabeças) e agosto (menos 177 mil cabeças). Entre as altas, destaque para março (mais 61,7 milhões de cabeças) e dezembro (mais 53,2 milhões de cabeças).

A pesquisa mostra que no 4º trimestre de 2020 foram abatidas 1,6 bilhão de cabeças de frangos, novo recorde para a série histórica (1997) em todos os trimestres e um aumento de 5,6% em relação ao mesmo período de 2019 e de 2,6% na comparação com o trimestre anterior.

“É uma carne com valor mais acessível do que as demais. Como não houve destaque de exportação, podemos considerar que boa parte desse aumento no abate foi destinado ao consumo interno", diz Viscardi.

Entre os 25 estados catalogados pela pesquisa, houve aumento no abate de frango em 18, com destaque para o Paraná (mais 115,5 milhões de cabeças), Mato Grosso do Sul (mais 21,8 milhões de cabeças), Minas Gerais (mais 19,5 milhões de cabeças), São Paulo (mais 16,8 milhões de cabeças), Goiás (mais 8,6 milhões de cabeças), Bahia (mais 7,9 milhões de cabeças), Pernambuco (mais 5,9 milhões de cabeças), Santa Catarina (mais 2,7 milhões de cabeças) e Rio Grande do Sul (mais 1,4 milhões de cabeças). As principais quedas ocorreram em Mato Grosso (menos 11,1 milhões de cabeças) e no Pará (menos 5,6 milhões de cabeças). Com isso, o Paraná continuou liderando amplamente a lista de estados que mais abateram frangos em 2020, com 33,4% de participação nacional, seguido por Santa Catarina (13,7%) e logo em seguida por Rio Grande do Sul (13,6%).

Produção de ovos cresce 3% e atinge nível recorde

A pesquisa também mostra que a produção de ovos de galinha totalizou 3,96 bilhões de dúzias em 2020, alta de 3% em relação a 2019, influenciada pelo aumento do consumo do produto em meio à recessão instaurada por conta da pandemia, como explica Viscardi. “Trata-se de uma proteína de valor mais acessível em comparação às carnes. Por outro lado, houve incremento significativo nos custos de produção do setor”, afirma.

Já a aquisição de leite teve um aumento de 2,1%, chegando a 25,5 bilhões de litros. O resultado dá continuidade à sequência de altas, observada desde 2017, e representa um recorde para o acumulado anual na série histórica. “O ano de 2020 foi marcado por variações na demanda por produtos lácteos, influenciada pelas restrições impostas por conta do isolamento social devido à Covid-19 e pela valorização do leite, acompanhada do aumento dos custos de produção do setor”, finaliza o analista.