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Produção agrícola

Alternativa ao trigo, cevada ganha espaço no Sul e projeta produção recorde

Editoria: Estatísticas Econômicas | Rodrigo Paradella | Arte: Helena Pontes

12/06/2018 09h00 | Atualizado em 12/06/2018 09h00

Conhecida como importante ingrediente na fabricação da cerveja, a cevada viu sua produção aumentar 49,2% entre 2017 e 2018, segundo a estimativa de maio do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, divulgada hoje pelo IBGE. O cereal ganhou espaço principalmente no Paraná e no Rio Grande do Sul e alcançou seu recorde na série histórica como alternativa ao trigo, mais tradicional na região.

A região Sul produz praticamente toda a cevada colhida no Brasil, assim como a aveia, outro produto que ganhou espaço entre 2017 e 2018, com crescimento de 23,5%. Neste ano, a estimativa é que sejam colhidas 427,3 mil toneladas de cevada e pouco mais de 752 mil de aveia. Ainda mais comum que seus substitutos, o trigo deve ter safra de 5,6 milhões de toneladas.

“O preço do trigo é baixo e a produção é muito sensível ao clima. O clima do Sul para o trigo é muito instável, e, se chover demais, piora a qualidade, por exemplo. Fora isso, o livre comércio com Argentina facilita a entrada da produção deles. Por isso, o produtor ultimamente tem procurado alternativas ao trigo, aumentando as áreas de cevada e aveia”, explica o gerente da pesquisa, Carlos Barradas.

O crescimento da cevada em relação ao ano passado, inclusive, só não foi maior que o da mamona, que mais que dobrou sua safra anterior (108,6%).  “Às vezes, o produtor começa a plantar nem tanto para colher, mas para ter uma cobertura vegetal para a produção da soja no ano seguinte, porque aumenta a qualidade da soja. Ele mantém o solo coberto e faz esse plantio”, complementa Barradas.

Assim como a aveia, a cevada é plantada na região Sul no período pós-colheita da soja, um dos carros-chefe da agricultura brasileira, que deve registrar recorde em 2018, com safra de 115,8 milhões de toneladas no país.  O crescimento da cevada como cultura de inverno tem se dado pela sua maior rentabilidade.

“Algumas cervejarias têm feito contratos com produtores para produzir cevada, inclusive. O trigo não tem uma liquidez certa, enquanto a cevada tem uma rentabilidade maior. Assim como a aveia, que também pode ser dada para animal. Principalmente no Rio Grande do Sul, que tem uma grande produção animal”, encerra o gerente do LSPA.

Em relação ao resto da safra, o levantamento prevê em maio uma produção 5,2% menor que a de 2017. O total de 228,1 milhões de toneladas não supera os 240,6 milhões do ano passado, mas ainda se trata do segundo melhor desempenho da agricultura brasileira na história na produção de cereais, leguminosas e oleaginosas.