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Atletas ibegeanos disputam Surdolimpíadas

Editoria: IBGE

26/07/2017 09h00 | Atualizado em 27/07/2017 09h03

Um ano após os Jogos Paralímpicos 2016, realizados no Rio de Janeiro, agora é a vez dos surdoatletas entrarem em campo na Surdolimpíada 2017.  Este ano, dois servidores do IBGE estão participando da competição. Maíra Bonna Lenzi e Norberto Mocelin já estão na Turquia, local sede do evento, que começou no dia 18 e termina no dia 30 deste mês.

Norberto começou no handball aos 11 anos; Maíra, no karatê aos seis. Mesmo tendo vencido inúmeras competições, essa é a primeira vez que os ibegeanos vão para os jogos.

 “As Surdolimpíadas são muito importantes, pois assim os deficientes auditivos podem desafiar seus limites e competir”, declara Norberto. Maíra também vê a oportunidade com muito orgulho: “é uma grande honra representar os surdos brasileiros. Mostrar que não há limites para ninguém, nem mesmo àqueles que não escutam”.

Mesmo muito dedicados aos treinos, ambos conseguem conciliar as rotinas de servidores do IBGE e atletas, inclusive contando com o apoio do órgão, o que os faz sentir valorizados em seu ambiente de trabalho.

“Conciliar o horário de trabalho, treinos, família e eventuais cursos requer disciplina, organização, persistência e um marido que me apoia. Fico bastante cansada. A rotina é pesada”, desabafa Maíra. 

Para Norberto, o dia começa bem cedo: “geralmente, sou o primeiro do meu setor a chegar. Quando termino o expediente, vou treinar. Faço boxe, musculação e corrida para melhorar a parte física”.

A deficiência e o esporte

Maíra descobriu sua deficiência por volta dos dois anos e conta que, ao longo de sua vida, não teve problemas para se socializar. Mas assume que passou por algumas dificuldades de adaptação, tanto na escola como no vestibular. “Desde pequena, eu tinha que buscar meus direitos, já reivindicando, já questionando”, afirma.

Esse lado questionador se manifestou também na escolha do esporte: “meu interesse pelo karatê começou quando tive a oportunidade de assistir a algumas aulas na academia onde eu fazia ballet. As modalidades eram no mesmo horário, mas eu via algumas crianças indo treinar. Isso despertou meu interesse e senti afinidade logo no primeiro momento”, relembra.

Já Norberto ficou surdo após ter meningite aos dois anos de idade. Isso exigiu que ele reaprendesse a falar, pois perdeu a referência do som: “fui teimoso em não usar o aparelho auditivo até os cinco anos, mas, com a insistência dos meus pais, hoje consigo escutar música, ter uma conversação normal com outras pessoas e levar uma vida saudável e independente”.

Ele conta que, desde pequeno, era inquieto e descontava a energia em algum esporte: “Comecei pelo futebol, mas por convite de amigos resolvi tentar o handebol. Acabei gostando e pratico desde então”, conta.

Norberto está há pouco tempo no IBGE, desde setembro de 2016. Já o esporte sempre esteve presente em sua vida: “as competições são importantes para que eu possa me manter saudável e também evoluir como pessoa e cidadão”.

Delegação Brasileira de Handebol: Norberto é o terceiro, em pé, da direita para a esquerda. (Foto retirada do Facebook da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos)

 

Surdos nos esportes e no Brasil

Em 2013, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE, o Brasil tinha 2 milhões de deficientes auditivos. Para competir na Surdolimpíada, foram convocados 99 atletas surdos.

Desde 1995, os surdos têm seus próprios Jogos, já que, após desentendimentos entre os comitês organizadores, o Comitê Internacional de Desportos de Surdos (ICSD) optou pela desfiliação do segmento. De acordo com Deborah Dias, presidente da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), essa decisão fez com que os surdoatletas perdessem visibilidade, o que dificulta a obtenção de apoio financeiro.

 

 

Texto por: Marina Cardoso e Karina Meirelles (estagiárias), sob supervisão de Irene Gomes

Imagem de capa: Acervo pessoal / Maíra Bonna Lenzi